sábado, 5 de julho de 2008

Sua vida em flash

Enquanto aguardo que alguma boa alma me envie a íntegra da matéria da Veja sobre o guarda-roupa do Papa, encontro na Veja Online uma cronologia da vida de Joseph Ratzinger.

Não está ruim, não. Menciona que a família de Ratzinger era anti-nazista, que o futuro Papa só participou da guerra porque foi convocado (e lembra que ele fugiu do front quando chamado pela terceira vez), mas dá um ou outro escorregão. Na linha da vida do Papa, o ano de 1984 vem acompanhado do título "Contra a Teologia", ponto. O texto se refere ao combate à Teologia da Libertação. Então, convenhamos, não deveria ser "Contra a Teologia da Libertação"? Afinal, o que Ratzinger fez foi trabalhar a favor da Teologia, expurgando interpretações que não passavam de sociologia gramscista disfarçada de teologia... fora o lance da "ex-Inquisição" (1981), que eu já comentei aqui em outras ocasiões.

O texto referente a 1993 é no mínimo intrigante. Menciona a nomeação de Ratznger como "bispo de Velletri-Segni" e depois "bispo de Ostia", como se ele estivesse acumulando funções. Na verdade, essas dioceses não são exatamente dioceses no sentido mais comum do termo. O que aconteceu é que Ratzinger se tornou um cardeal-bispo. Os cardeais se dividem em três classes: cardeais-bispos, cardeais-presbíteros e cardeais-diáconos. O nome não tem nada a ver com o grau do sacramento da Ordem. Os cardeais-bispos são bispos titulares (já expliquei isso em outra ocasião) das sete antigas sés suburbicárias de Roma. Velletri-Segni é uma delas. Ostia é outra, e o titular desta diocese é o decano do Colégio de Cardeais. Aliás, aqui a Veja escorrega. Ratzinger só se tornou bispo de Ostia em 2002, e não "cinco anos depois" de 1993.

Bom, quanto aos "erros da Igreja" (2000), eu estou quase desistindo de convencer os colegas. Por outro lado, a descrição do bafafá criado pelos muçulmanos por causa de um discurso do Papa foi muito bem feita, mostrando como o Papa foi mal interpretado.

Agora, e isso é uma dúvida mesmo, provocada pela linha "fatos marcantes" que está na parte de baixo da animação: houve reforma litúrgica em 1947? E, mesmo que tenha havido, a reforma realmente relevante foi a de 1969, ignorada na linha da Veja.

4 comentários:

Anônimo disse...

achei uma reportagem sobre isso no blog abaixo:

http://arquivoetc.blogspot.com/2008/07/o-papa-resgata-tradio-em-seu-vesturio.html


não sei se está completa. Vou peaquisar. Qualquer coisa eu mando.


abraços

Anônimo disse...

Sem comentários, um jornalista de meia pataca, que com certeza não tem o menor conhecimento de teologia, vem criticar a teologia da libertação.

Muito fraco.

Captare disse...

Muito bom o comentário da reportagem!

Sobre a sua dúvida: o que aconteceu realmente em 1947 foi a promulgação da Encíclica "Mediator Dei", do Papa Pio XII. Esta encíclica trata extensivamente de liturgia e fala, entre outros assuntos, sobre a paricipação dos fiéis dentro da Sagrada Liturgia. Sem dúvida, a reforma litúrgica de 69 sofreu grande influência desta encíclica, mas é um exagero dizer que houve uma reforma litúrgica em 47. O que houve é que Pio XII deu uma "catequese" sobre liturgia a todos os católicos, através da já referida encíclica.

Anônimo disse...

Faço coro.
Sem comentários!

A matéria é tão boa que os elogios já aparecem logo.
Ainda bem que és jornalista de meia pataca. Já pensaste se fosses de uma pataca inteira?