quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Não são apenas os jornalistas que não sabem o que escrevem...

... os padres também. Pelo menos os padres que aprovaram aquela carta asquerosa ao fim do tal Encontro Nacional de Presbíteros. Se você tem estômago, leia aqui o documento. Reparem que não aparecem as palavras "missa", "eucaristia" e "sacramentos" em nenhum momento. Em vez disso, os padres ficam fazendo pregação comunista e defendendo bispos suicidas como dom Cappio. Quando a carta fala de "Igreja", é para denunciar "estruturas ultrapassadas" (leia-se "a tirania de Roma") e pedir uma "Igreja" que faça a revolução socialista, em vez de levar Deus ao povo. A carta é realmente um lixo. Para esses padres de passeata, fica o aviso das parábolas: a quem mais se deu, mais será cobrado.


(Já que estamos repetidamente falando do inferno, mais uma gravura pra vocês, agora de William Blake: é o lago (ou rio) Cocito, o nono círculo do inferno dantesco, onde ficam congelados os traidores. Deu pra entender a mensagem?)

O Estado de S. Paulo deu matéria sobre o assunto. José Maria Mayrink tem mais anos de cobertura da Igreja do que eu tenho de vida. Eu o entrevistei para meu TCC quando ele ainda trabalhava no Jornal do Brasil. Agora está no Estadão.

Padres sugerem o fim do celibato

Matéria corretíssima; inclusive Mayrink já antecipa que essa babaquice de pedir a Roma que mude várias coisas não vai dar em nada, porque tanto o Papa quanto dom Claudio já afirmaram que a Igreja não vai alterar coisa nenhuma.

O único deslize é ter chamado os bispos de uma certa região (quando se escolhe um novo bispo, consulta-se os bispos das dioceses vizinhas) de "titulares", quando o termo correto é "ordinários". Então vai uma breve explicação:

Teoricamente, todo bispo precisa estar à frente de uma diocese (exceto os aposentados, ou "eméritos"). Mas, na prática, nem todo bispo apita desse jeito: há, por exemplo, bispos auxiliares; ou bispos que exercem cargos dentro da administração da Igreja. Então a Igreja dá a esses bispos o título (daí o termo "titulares") de uma diocese que já existiu em priscas eras, mas que não existe hoje, por razões quaisquer.

Por exemplo, o núncio apostólico no Brasil, dom Lorenzo Baldisseri, é arcebispo titular de Diocleciana; já o administrador apostólico da Administração Apostólica São João Maria Vianney, dom Fernando Rifan, é bispo titular de Cedamusa. Um site legal para se fazer esse tipo de pesquisa é o Catholic Hierarchy. Lá, por exemplo, descobriremos que Diocleciana fica mais ou menos onde hoje é Skopje, a capital da Macedônia; e Cedamusa fica em algum ponto da Mauritânia, na África. Pronto, sua cota de cultura inútil do dia foi preenchida.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Márcio:

Uma vez, por dever de ofício, fui cobrir esse encontro. Se alguém tivesse caído de pára- quedas lá, JAMAIS imaginaria que tratava-se de um encontro de padres. Em vez de clegiman eles vestiam camisas de times de futebol (como tem padre gremista e colorado,tchê!!!), além de camisetas, estilo Che Guevara. Apesar de tudo, rezemos por eles. (A Igreja é mesmo Divina. Caso contrário, com esse fermento de Satanás, já teria acabado há muito tempo.

Wagner disse...

Nessas horas me regojizo ao saber que a misericórdia de Deus nos surpreende. :)

Vale dizer que temos o clero que merecemos?

Quanto ao Mayrink... Que lucidez, não? É uma prova de que o católico não precisa de carolismos para exercer seus dons.

Sobre o TCC. Faz-se urgente que haja uma democratização do conhecimento para as bases, companheiro! :) Libera que quero ler.

Jônatas Dias Lima disse...

Engraçado como a asneira TL precisa de formalismos pra parecer séria. Adoram assembléias, manifestos, cartas, etc.

Tudo inútil.