sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O ex-ministro me dá um pretexto para voltar

Credo cruz, quase dois meses sem escrever nada... desculpem, leitores! Ocupado todo mundo é, então não tenho muita desculpa não, exceto talvez a manutenção do Tubo de Ensaio.

Mas o Reinaldo Azevedo, no seu blog, traz a entrevista que sai hoje no Estadão com o ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza. Sem entrar aqui nos méritos do que ele fez ou deixou de fazer durante o mandato do FHC, ele diz aqui uma grande, incrível, espetacular bobagem. A entravista é sobre cotas nas universidades, então coloco só o que interessa (não tenho link para o resto, é só para assinante).

Falando em Reinaldo Azevedo, olha só, o mestre e eu no lançamento do livro dele quarta-feira em Curitiba.

O sr. acha que existem raças entre os homens ou existe apenas a espécie humana, como define a moderna biologia?
Essa questão é muito mais para a antropologia do que para a política. Que todos são seres humanos, é óbvio. Mas também é óbvio que a própria Igreja Católica, há pouco mais de 100 anos, considerava os negros como animais. Isso nós não podemos desconhecer. Essa questão tem de ser tratada do ponto de vista objetivo. E objetivamente, no Brasil, é totalmente descabido nós esquecermos a questão racial, porque somos um país de grande miscigenação. É difícil achar um brasileiro que não tenha um componente de sangue branco ou negro.
Viram o itálico? OK, a entrevista é sobre educação, e não sobre a Igreja, mas será que o repórter não fica com a pulga atrás da orelha quando ouve um negócio desses? Não custa perguntar "mas, ministro, onde é que o senhor viu isso?" A não ser que essa história já tenha virado uma "verdade" goebbeliana (foi mal o neologismo, acho que vocês sabem do que estou falando).

Como comentei no blog do Reinaldo, no orkut eu e meus amigos já desafiamos dezenas de pessoas que passam pela comunidade que modero a trazer um, apenas um documento pontifício que afirmasse a ausência de alma nos negros. Nunca conseguiram. O máximo que trouxeram foram algumas bulas sobre escravidão, e nem lá se dizia o disparate que atribuem à Igreja. Engraçado é que, se os negros não tivessem alma, o que a Igreja estaria fazendo ao pregar para os negros e batizá-los? Ora, só se batiza quem tem alma...

Sabem o que é pior? É que a entrevista sai no jornal e provavelmente bispo nenhum, nem a CNBB, vão mandar uma cartinha de leitor contestando o ministro. Vai passar como verdade.