quinta-feira, 31 de julho de 2008

É muito fácil ser desmentido pelos números...

... mas isso só ocorre quando o jornalista tem algum tipo de compromisso com a verdade.

Genésio Boff exercendo seu lado mãe Dinah:

Igreja Católica sofrerá "grande crise interna", afirma Leonardo Boff

A matéria toda é uma grande babaquice, como aliás costuma ser quando a fonte é um dos maiores hereges do planeta. Mas chamo a atenção para o seguinte:
"O crescimento zero da Igreja Católica no planeta" é outro fator que atiçará sua crise interna, vaticinou Boff.
O repórter da France Presse podia muito bem ter lembrado na matéria que o crescimento da Igreja Católica não tem sido "zero". OK, pode não ter subido estratosfericamente, mas qualquer matemático pode explicar o motivo: quem já é muito grande não tem mais como se expandir a grandes taxas, ao contrário dessas igrejolas que conseguem, sei lá, 10 mil fiéis a mais e isso já é um aumento de 200%. No caso de uma religião de 1,1 bilhão de fiéis, a não ser que haja conversões em massa (por exemplo se todos os anglicanos se revoltassem com a fúria ordenatória de Canterbury e virassem católicos), as taxas de crescimento serão baixas, mas não "zero" como gostaria o diaBoff.

Aliás, vocês repararam que o diaBoff foi ver o Lugo, na verdade, para pedir emprego?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mais uma vez os padres-candidatos

E o Correio Braziliense repete o mesmo erro destacado aqui anteriormente.

Padres estão em busca de votos no entorno do DF

A matéria recorda o que a Igreja diz: que o Direito Canônico proíbe a vinculação de padres a partidos políticos. Mas o próprio assessor de imprensa da CNBB, padre Geraldo (que, diga-se de passagem, teve uma atuação lamentável naquele episódio do DVD da Campanha da Fraternidade desse ano), já admite que "com jeitinho vai". Aí eles entrevistam dois padres-candidatos, mas nada de entrevistarem o bispo deles (seria o arcebispo de Brasília) para saber se ele deu permissão (contrariando o Direito Canônico) ou se os padres foram desobedientes mesmo.

Lembremo-nos de que, quando o Fernando Lugo quis ser presidente do Paraguai, o Vaticano suspendeu o bispo. A pergunta que os jornais brasileiros não fazem é "por que isso não acontece aqui também?" Afinal, temos ou padres desobedientes ou bispos desobedientes. Ou as duas coisas, infelizmente.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Com vocês, o jornalista-adivinhador

A notícia que saiu hoje em vários lugares não tem nada de errado, digamos. Quer dizer, tem: chamar esse povo de "católicos".

Católicos pedem ao Papa liberação de contraceptivos

A matéria é cheia de aberrações, mas promovidas não pelo repórter, e sim pelos tais "católicos" signatários da carta. Mas, lá no fim, vejo, com surpresa:
O correspondente da BBC em Roma, David Willey, afirmou que é muito provável
que Bento 16 preste atenção no apelo feito pela ala liberal para mudar a
doutrina da Igreja.
Agora repórter virou palpiteiro? E ainda pra dar palpite totalmente fora do alvo como esse? Quer dizer que o jornalista acha "muito provável" que o Papa, que ainda por cima é ninguém menos que Joseph Ratzinger, vá dar ouvidos a esse povo?

Todos juntos cantando esse sensacional samba de Noel Rosa:

Quem é você, que não sabe o que diz?
Meu Deus do céu, que palpite infeliz...

Claro, a não ser que "prestar atenção" signifique que o anúncio de meia página dessa gente no Corriere esteja tão chamativo que o Papa, na sua leitura matinal de jornais, olhe e pense "que coisa colorida, vou ver o que é isso"...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Jesus disse que não dava pra servir a dois senhores

Saiu essa semana na Folha Online:

Padres se candidatam a prefeito e enfrentam restrições da Igreja

Bom, é o tipo da coisa que não me surpreende. Nem o fato de ver um padre-candidato petista e outro do PSOL, partidos socialistas. Infelizmente a Teologia da Libertação contaminou tanto a Igreja no Brasil que é até esperado que um padre que dá mais valor ao Paço Municipal que à igreja paroquial seja mesmo de alguma dessas quadrilhas como o PT.

Mas, se eu fosse o editor que estivesse olhando a reportagem, perguntaria ao repórter se ele tentou falar com os bispos das dioceses onde os candidatos atuam, para saber o que eles pensam. Vocês repararam que não tem a opinião de nenhum dos bispos responsáveis lá? O único "dom" na matéria, Hugo Cavalcante, é assessor da CNBB e sequer é bispo (mas o "dom" não foi erro da Agência Folha não, pois ele é monge beneditino).

Entrevistar os bispos seria não apenas necessário (dentro de uma ótica jornalística), mas também útil por algumas razões. Primeiro, porque a matéria dá a impressão de que está tudo bem com os padres-candidatos, que teriam o OK do bispo para uma situação objetivamente irregular, segundo o Código de Direito Canônico -- será que é mesmo assim? Segundo, que caso os bispos achassem que não tem problema nenhum, precisariam, sim, ser colocados contra a parede: como é que eles deixam rolar solto esse desrespeito à lei canônica?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

É, o feeling não engana

Obrigado ao Tavolaro pela dica!

CBCP hasn’t ok’d condom use for HIV/AIDS patients

Resumo: a Conferência Episcopal Filipina não aprovou coisíssima nenhuma, e aproveita para dar um pau nos veículos de comunicação que distorcem o que a Igreja diz para fazer a coisa se adequar à agenda da mídia (no caso, a agenda pró-camisinha).

A informação dos bispos filipinos já é suficiente para mim, mas eu ainda fico curioso para saber o que o porta-voz da conferência episcopal teria dito, para permitir esse tipo de distorção por parte do repórter da EFE.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Será mesmo verdade?

Vindo da Efe, eu não tenho certeza de nada.

Igreja filipina libera preservativos para portadores do HIV

A informação é atribuída a um porta-voz da conferência episcopal filipina. Mas então por que não há nada sobre o assunto na seção de notícias do site oficial da conferência?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Minha nossa, a semana ainda está rendendo!

Assim como demorei um pouco para comentar o texto da Veja, também já tinha visto um artigo do Le Monde republicado pela Falh... oops, Folha de S.Paulo. Comento agora. Também é só para assinantes, eu recebi por e-mail. Segura que é meio grande.
Bento 16 resgata tradicionalismo

Vinte anos após excomunhão de bispo anti-reforma, liturgia conservadora volta a dominar Santa Sé

Papa alemão apóia retorno à tradição como resistência à secularização e ressuscita o modelo de uma Igreja Católica mais autoritária

HENRI TINCQ
DO LE MONDE

Vinte anos atrás, em 30 de junho de 1988, o bispo francês Marcel Lefebvre desafiou a autoridade do papa João Paulo 2º. Em seu seminário de Ecône, na Suíça, reduto do integrismo católico, consagrou quatro bispos para garantir a continuidade da tradição contra o concílio Vaticano 2º, que chamava abertamente de herético.
Anos de discussões com a Cúria romana (sobretudo com Josef Ratzinger) foram jogados por terra. Os fiéis se ajoelhavam, beijavam seus anéis. Ao mesmo tempo, um decreto fulminante de Roma excomungava Lefebvre (morto em 1991) e aqueles novos bispos, que passaram a ser cismáticos (frutos de um cisma).
Tem um erro aí. O Papa não excomungou ninguém. Só deixou claro que, por causa das ordenações sem mandato papal, Lefebvre, o brasileiro dom Antônio de Castro Mayer e os quatro bispos ordenados (Fellay, Williamson, de Mallerais e um outro cujo nome não me vem à mente agora) já estavam automaticamente excomungados. O que o Papa fez foi simplesmente deixar clara a situação.
Duas décadas mais tarde e apesar dos fracassos sucessivos das tentativas de reconciliação empreendidas por João Paulo 2º e, sobretudo, por Bento 16, o tradicionalismo, se não ganhou novos textos, conquistou mais espaço nas cabeças.
Enganaram-se aqueles -e eram muitos, na época- que interpretaram aquele episódio dos clérigos de Ecône, 20 anos atrás, como expressão de um folclore superado, destinado à lata de lixo da história, como nostalgia beata do incenso, do hábito e da missa em latim.
Os tradicionalistas continuam presentes. Majoritariamente francês em sua origem -devido à nacionalidade de Lefebvre e às reações francesas contra a liturgia moderna-, o fenômeno ganhou mundo.
A fronteira está cada vez mais porosa, com manifestações de fé e devoção encorajadas por Bento 16, por um clero jovem e por comunidades novas que defendem o retorno à tradição como modo de resistência à secularização.
Seminários da Fraternidade Santa Pio 10, núcleo irredutível do cisma, pipocaram na Alemanha, na Austrália, nos Estados Unidos (no Minnesota) e na América Latina. As gerações de sacerdotes (quase 500) que saem deles e de fiéis (600 mil, segundo fonte do Vaticano) herdeiros dessa dissidência vêm se renovando e já se instalaram em mais de 30 países.
Atenção, revisão! "Santa Pio X"? De qualquer modo ainda é melhor que a "Fraternidade do Santo Pio" que eu li uma vez.

Hã? Eu?

Antiecumenismo
Tipicamente europeu, esse modelo de igreja autoritária, antiecumênica e antimoderna, dominada pela figura do santo padre encarregado do sagrado, foi exportado. Para os tradicionalistas, ele é o avalista dessa parte de mistério, de emoção e de beleza que é própria de toda tradição e que a missa moderna teria sacrificado.
Como assim anti-ecumênica? Ecumenismo é o diálogo com o objetivo de trazer de volta os protestantes e ortodoxos à Igreja Católica. Garanto que com isso Lefebvre e o povo lá da SSPX concorda. O problema é que uns porra-loucas ligados à maldita TL começaram a chamar de "ecumenismo" um tanto-faz doutrinal que consistia em dizer que tudo leva a Deus, que não importa no que você acredita... e, por incrível que pareça, os rad-trads caíram nessa lenga-lenga, apesar de tudo o que dizem os documentos do Vaticano sobre o assunto.
Num mundo em explosão, o latim reencontrou o lugar de língua universal, e as concessões feitas às tradições culturais na Índia ou África empurrariam em direção à tradição os fiéis ligados a uma liturgia e um catecismo únicos.
Os tradicionalistas encontraram um aliado no papa alemão. Os fiéis se espantam com as audácias cometidas por Bento 16 em matéria litúrgica, na contracorrente de toda uma evolução registrada desde o Vaticano 2º. O mestre de cerimonial de João Paulo 2º foi substituído.
Bento 16 reinstaurou o trono de cor púrpura, bordejado de ouro, dos papas anteriores ao concílio, renunciou ao bastão pastoral de seus predecessores, símbolo de uma Igreja mais humilde, e trouxe de volta a férula em formato de cruz grega usada pelo papa mais reacionário do século 19 (Pio 9).
Alguém pode me explicar o que faz de Pio IX um "reacionário"? E por que a cruz pastoral de Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II representava "uma Igreja mais humilde"?
Bento 16 restaurou o costume da distribuição da hóstia de joelhos e pela boca, destinada a tornar-se a prática habitual das celebrações pontificais, declarou no LOsservatore Romano seu chefe de cerimonial, monsenhor Guido Marini.
Eu devo estar pirando. Eu podia garantir que a comunhão de joelhos e na boca já era prática habitual das celebrações pontificais mesmo na época de João Paulo II...
A França corre o risco de ficar estarrecida quando Bento 16 visitar o país, em setembro.
Um ano mais tarde, o decreto papal de julho de 2007 liberalizando o rito antigo em latim certamente não provocou manifestações acaloradas. Na França, esse chamado em favor da missa antiga teria sido ouvido por apenas 0,1% dos fiéis.
O número de paróquias em que ela é celebrada há um ano não passa de 40, somada às 132 que já a propunham.
Mas os tradicionalistas não desistiram de sua guerra insidiosa contra os bispos, os padres e a Cúria modernistas. Eles rejeitaram o protocolo de acordo proposto por Roma para solucionar o cisma, que lhes exigia apenas que se comprometessem a respeitar a autoridade e a pessoa do papa.
Vítima de um jogo interminável de disputas, Bento se viu pressionado a anular as excomunhões de junho de 1988 e atribuir aos padres tradicionalistas um estatuto sob medida de prelado nullius, que lhes garantiria a vantagem dupla de serem reconhecidos por Roma e se manterem independentes dos bispos.
Se viu "pressionado" a fazer o que? Bom, em primeiro lugar, as excomunhões nunca foram anuladas. É verdade que a SSPX pede a anulação, mas do jeito que o texto foi escrito (ou traduzido), parece que a anulação já ocorreu.
Seria realmente esse o papa que nunca teria conseguido libertar-se de seu modelo bávaro, cujo cotidiano girava em torno da missa, da família, do Angelus dos campos e da música das cidades?
É duro imaginar que esse filósofo que dialogou com figuras do pensamento laico (Florès dArçais na Itália, Habermas na Alemanha), que orou numa mesquita (em Istambul), visitou sinagogas, escreveu encíclicas em tom moderno sobre o amor, possa amanhã abrir a porta aos cismáticos de 1988.
E por que é duro imaginar isso? A Igreja abre as portas a todos os que desejam fazer parte dela. Abre as portas aos anglicanos insatisfeitos com os rumos que Canterbury vem tomando. E abre as portas inclusive os cismáticos da SSPX. Abriria as portas até mesmo aos teólogos da libertação, se eles não odiassem tanto a Igreja e o Papa.
Em todas as religiões, a liturgia é a expressão de uma fé. Ela não pode ser dissociada da doutrina. Acontece que a direção foi determinada há mais de 40 anos, no concílio Vaticano 2º, mantido por Paulo 6º e João Paulo 2º. Hoje, reina em Roma um neoconservadorismo incentivado não tanto pelo papa quanto por grupos que nunca renunciaram à igreja autoritária do passado. A reintegração dos cismáticos corre o risco de ser efetuada ao preço de uma erosão das conquistas dos últimos 40 anos. Seria o triunfo póstumo de Lefebvre.
Engraçado -- se a direção foi determinada pelo Vaticano II, maravilha! Pois o Vaticano II pedia órgão e canto gregoriano; pedia a manutenção do latim, pelo menos no cânon. Não pedia guitarra, bateção de palma e leigos de jaleco distribuindo comunhão.

Mais uma prova de que jornalistas mal-informados acabam atribuindo ao Concílio coisas que nunca passaram pela cabeça dos padres conciliares.

Pobre João XXIII...

... quantas bobagens as pessoas defendem, usando o nome do Papa que convocou o Vaticano II.

Lembram do caderno especial do Jornal do Commercio, no Recife? O Jorge Ferraz está colocando, aos poucos, os textos. Um pior que o outro.

A certa altura, diz o jornal:
[O] papa João XXIII ensinou que era preciso “abrir as janelas do Vaticano para que os ventos da história soprassem a poeira que entulha o trono de Pedro”
Assim como o Jorge, eu também já tinha ouvido essa metáfora das janelas. Mas nunca para "soprar poeira entulhada no trono de Pedro". Claro que o jornal não diz nem quando, nem onde o Papa teria dito isso. Então eu me lancei numa procura online e offline pela citação correta. É certo que no discurso de abertura do Concílio não está. Nem nos documentos que estabelecem a convocação e a data de início do Concílio. Só resta a homilia de 25 de janeiro de 1959, em que o Papa falou do Concílio pela primeira vez. Mas essa homilia eu não consigo achar em lugar nenhum.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Duas boas almas

O Roberto Zanin e o Fernando Tavolaro me mandaram a íntegra da matéria da Veja sobre os acessórios do Papa. Nem adianta botar link, é reservada para assinantes. Por causa disso, vai a matéria toda copiada e colada aqui.

Bento XVI com seu camauro

A mensagem das roupas

Bento XVI não veste Prada, mas Cristo. Bem de acordo com a
linha que adota, seu vestuário é um resgate da tradição católica

Vanessa Vieira

O papa Bento XVI está longe de ter o carisma de seu antecessor no trono de Pedro, mas sobressai pelo guarda-roupa. Os chapéus, gorros e sapatos vermelhos, assim como os óculos escuros, chegaram a lhe valer um posto na galeria dos homens "que melhor sabem combinar os acessórios no vestuário", numa tirada maldosa da revista americana Esquire. Espalhou-se também o boato de que os rubros sapatos papais seriam da badalada marca italiana Prada, o que foi desmentido pelo Vaticano. Os acessórios usados pelo papa, na verdade, não guardam nenhuma relação com a moda nem representam uma opção estética. Eles estão carregados de significado religioso. São peças adotadas por pontífices do passado, resgatadas por Bento XVI como uma forma de recuperar a tradição da Igreja e, desse modo, reconectar a instituição à sua história milenar. "Mais do que qualquer outro papa da história recente, ele tem um profundo interesse nos trajes litúrgicos e não-litúrgicos que haviam sido abandonados", disse a VEJA o padre Keith Pecklers, professor de história litúrgica da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. "Isso sugere seu desejo de retomar elementos que ele acredita terem sido perdidos depois das reformas do Concílio Vaticano II."

Originalmente, os sapatos papais eram feitos de couro tingido de vermelho e decorados com uma cruz dourada, que devia ser beijada por aqueles que se dirigiam ao pontífice. Paulo VI, papa entre 1963 e 1978, eliminou a cruz dos calçados e interrompeu o costume do beijo. João Paulo I ainda usou os sapatos vermelhos, bem como João Paulo II no começo de seu pontificado. Logo depois, entretanto, o papa polonês os substituiu por sapatos marrons comuns. O vermelho dos sapatos representa o sangue do martírio de Cristo. O camauro e a mozeta, recuperados também pelo alemão, são acessórios que estavam em desuso desde o pontificado de João XXIII, encerrado em 1963. O camauro, um gorro de veludo vermelho enfeitado com pele de arminho, remonta ao século XIII. Aparece em pinturas que retratam pontífices como Inocêncio VII, Julio II, Bento XIV e Clemente XIII. O vermelho, nesse caso, explica-se pelo fato de ter sido, no passado, a cor distintiva dos papas na hierarquia da Igreja. Isso mudou no século XVI, quando Pio V instituiu o branco como a cor pontifícia. A mozeta é uma capa curta que cobre os ombros, parte das costas e dos braços. Uma das referências mais antigas do uso dessa peça vem de um afresco de Melozzo da Forlì, de 1477, que retrata o papa Sisto IV. A mozeta pode ser vermelha ou branca – na segunda versão, é usada na Páscoa e representa a alegria pela ressurreição de Cristo.

Bento XVI passou a empunhar um cajado dourado e com a extremidade em forma de cruz grega. Ele é bem diferente do utilizado pelo papa anterior, que era prateado e tinha um crucifixo na ponta. O de Bento XVI pertenceu a Pio IX – cujo pontificado se estendeu entre 1846 e 1878. Além de mais leve do que o anterior, ele está mais de acordo com a tradição papal – que, até Paulo VI, jamais havia colocado um crucifixo na sua extremidade. O acessório é uma referência ao cajado com que o pastor conduz o rebanho e àquele com o qual Moisés conduziu o povo eleito à liberdade. Em seu livro O Espírito da Liturgia, lançado em 2000, Bento XVI já ressaltava a importância de reforçar a fé através do aspecto místico das celebrações, enriquecendo-as com símbolos tradicionais. Como diz um artigo recente do L’Osservatore Romano, jornal editado no Vaticano, o papa não se veste com Prada, mas com Cristo.

Chapéu Saturno

O vermelho desse acessório era a cor distintiva dos papas na hierarquia da Igreja até o século XVI, quando Pio V instituiu o branco. Os papas João XXIII e João Paulo II chegaram a usar o saturno em viagens a países tropicais, mas não o adotaram sistematicamente

Pálio

A peça de lã branca evoca a ovelha desgarrada, carregada nos ombros pelo bom pastor. As cruzes vermelhas representam as chagas de Cristo. No começo de seu pontificado, Bento XVI vestia um modelo de pálio fora de uso desde o século IX. Recentemente, optou por um modelo semelhante ao de seus antecessores imediatos

Camauro

Assim como o chapéu saturno, o gorro vermelho, usado no inverno por Bento XVI, é uma herança do tempo em que essa era a cor oficial do pontífice. João XXIII foi o último papa do século passado a usar o camauro, que caiu em desuso a partir do pontificado de Paulo VI, iniciado em 1963

Mozeta

A capa curta, feita de damasco – uma seda com fios de cetim em alto relevo –, é branca, em referência à renovação simbolizada pela ressurreição de Cristo. A mozeta, usada pelo pontífice na Páscoa, foi introduzida no século XIII e não era vista desde o fim do pontificado de João XXIII, em 1963. Os últimos papas só adotaram a versão de verão da roupa, de cetim vermelho

Cajado

Simboliza o cajado com que o pastor conduz as ovelhas e aquele com que Moisés conduziu o povo eleito à liberdade. O utilizado pelo atual papa pertenceu a Pio IX, que governou a Igreja entre 1846 e 1878. João Paulo II usava o mesmo de seus antecessores imediatos, João Paulo I e Paulo VI, prateado e com um crucifixo na extremidade. O de Bento XVI traz uma cruz grega

Sapatos vermelhos

Representam o sangue do martírio de Cristo. Antes do pontificado de Paulo VI, apresentavam apliques de cruzes douradas, que simbolizavam a autoridade papal. João Paulo II chegou a usar os sapatos vermelhos no início de seu pontificado, mas logo os substituiu por sapatos marrons comuns.
O que posso dizer? Vanessa Vieira mandou muito bem. Ótima fundamentação tanto histórica quanto litúrgica (e inclusive artística, ao mencionar obras que retratam outros Papas usando os acessórios retomados por Bento XVI). O principal mérito da reportagem é mostrar que cada objeto tem seu significado, e que não se trata de "sair bonito" na foto. Só faltou mesmo foi dizer que o "cajado" se chama, na verdade, férula. Quem usa cajado (quer dizer, o nome correto é báculo, mas tem formato de cajado) são os bispos. Um detalhe menor, reconheço, que em nada prejudica a reportagem.

Isso aí, continuem tentando

Dando uma olhada em outros blogs católicos em inglês, achei isso aqui. É uma notícia do New York Times, publicada domingo:

Ancient tablet ignites debate on Messiah and ressurrection

Dando uma boa resumida, para quem não fala inglês: uma placa com um texto em hebraico, datada de algumas décadas antes do nascimento de Cristo, menciona um Messias que deve sofrer e ressuscitar depois de três dias, ou seja, um pouco oposto à visão que se tinha de um Messias triunfante que chegaria com tudo e daria um pé nos romanos.

Ainda não se tem certeza da autenticidade do negócio, mas o curioso é que a reportagem tenta fazer essa "descoberta" (entre aspas porque a placa não foi descoberta agora; já estava em posse de um colecionador faz uns 10 anos) comprometer... o Cristianismo! Primeiro, um professor de Berkeley diz que alguns cristãos acharão a descoberta chocante, pois contesta a "singularidade de sua teologia"; depois, um professor da Universidade Hebraica de Jerusalém diz que o conteúdo da tábua balançaria a visão básica do Cristianismo, porque a ressurreição no terceiro dia se tornaria uma idéia criada antes de Jesus... pelamordedeus, o que o sujeito tenta insinuar? Que Jesus e seus discípulos "copiaram" a idéia? O mesmo professor afirma que, no Novo Testamento, Jesus faz várias previsões sobre seu sofrimento, morte e ressurreição, mas que se acreditava que isso teria sido incluído depois pelos seus seguidores. Então, a tábua "sacode" essas teorias porque prova que, já na época de Jesus, havia a idéia de um Messias sofredor e que ressuscitaria no terceiro dia.

Bom, tudo isso não passa de palhaçada. Afinal de contas, parece que o repórter e seus entrevistados vêem um "problema" no fato de Jesus ser o cumpridor de profecias judaicas. São Mateus gastou um Evangelho inteiro para mostrar aos judeus que Jesus era o Messias profetizado em várias passagens do Antigo Testamento. Então o que há de extraordinário no fato de aparecer mais uma profecia realizada por Jesus? Pelo contrário: para mim, a tábua (caso seja mesmo autêntica) seria uma confirmação de que Jesus era realmente o Messias esperado pelos judeus.

A não ser, claro, que o pressuposto do repórter e dos entrevistados seja o de que Jesus fosse uma farsa. Aí a reportagem faz sentido. Porque, digamos, até então o Cristianismo seria uma farsa digna de Oscar de roteiro original: o Messias que sofre, é morto pelos romanos, ressuscita em três dias... realmente, uma historinha nova, muito bem bolada pelos primeiros cristãos. Mas aí aparece a tal tábua e se "prova" que os cristãos não poderiam levar mais que o Oscar de roteiro adaptado, afinal eles não fizeram mais que copiar a historinha da ressurreição em três dias de uma crença já difundida na época... ou seja, mais uma tentativa de desacreditar o Cristianismo na grande imprensa.

Isso é mais uma confirmação daquela frase que ouvi uma vez, e só não me lembro de quem é: para quem quer acreditar, nenhuma prova é necessária; para quem não quer, nenhuma prova será suficiente.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Dom Clemente agora já tem para onde ir

Lembram de dom Clemente Isnard, que como Catilina abusou da nossa paciência naquela entrevista em que fez de tudo, menos expor doutrina católica? Pois bem, agora ele já tem para onde ir, pois os anglicanos, que já ordenavam ao sacerdócio tudo o que encontrassem pela frente, resolveram passar a ordenar mulheres ao episcopado.


Sonia Hernandes vai perder a exclusividade de ser a única "bispa" do planeta... (a foto é cortesia da polícia americana)

Bom, o Vaticano lamentou a decisão, e aqui você lê a versão da Reuters para o caso (republicada pelo site da Gazeta do Povo).

A certa altura, a Reuters diz

A Igreja Católica veta as mulheres no clero sobre a argumentação de que Jesus só escolheu homens como apóstolos.
Isso é correto: a Igreja realmente veta mulheres no clero. Mas o fato de os Apóstolos serem homens é um dos argumentos -- outro argumento, que eu considero bem forte, se relaciona ao fato de o próprio Cristo ser "homem do sexo masculino", como dizem os Cassetas, e de o sacerdote agir in persona Christi.

Mas, na carta Ordinatio Sacerdotalis, o Papa João Paulo II usa apenas o argumento dos apóstolos, aprofundando bastante no assunto e explicando por que não se pode ordenar mulheres. Ele ainda afirma que isso deve ser considerado como definitivo por todos os fiéis da Igreja -- viu, dom Clemente?

Novidade no blog

Vejam aí do lado, uma listinha de blogs e sites. A maioria é sobre religião, mas tem algumas outras coisas, como o do jornal onde trabalho, e o hilário Opinião Popular, uma sátira do modo de pensar esquerdóide. Com o tempo, pretendo ir acrescentando mais coisa interessante.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

E dá-lhe Águia!

Ops, desculpem o meu momento "torcedor do São José Esporte Clube".

O Jornal de Santa Catarina circula com uma edição única de fim de semana, e tem um caderno chamado Viver! que por sua vez traz uma página esotérica chamada Alma Zen. No jornal deste fim de semana que passou, há um textinho sobre o Garuda, um deus dos pássaros indiano, meio gente, meio águia. Entre as curiosidades sobre o Garuda, lemos o seguinte:
Garuda é também a palavra alada, o triplo Veda, um símbolo do verbo, ou seja, o mesmo que a águia representa na iconograifia cristã.
Obviamente eu não entendo nada de hinduísmo. "Triplo Veda", pra mim, seria um produto pra se comprar em supermercado ou casa de ferragens para consertar ou prevenir vazamentos. Mas o que interessa aqui é a "iconografia cristã".

Até onde eu sei, o que a águia realmente simboliza é o evangelista São João. Aqui dois exemplos que eu conheço "pessoalmente:

Basílica de São Clemente, Roma, o mosaico absidal mais espetacular que eu conheço:


E catedral de Siena, outra igreja inesquecível por causa de seu estilo único:

É verdade que São João foi o evangelista que escreveu sobre o Verbo (com maiúscula, ao contrário do que saiu no jornal), mas eu não achei nada que relacionasse diretamente a águia ao Verbo -- as referências sempre ligam a águia ao evangelista.

Por fim, segue, para quem se intereressa pelo assunto, uma fonte interessante (em inglês) sobre a iconografia relativa aos evangelistas.

PS1: a águia é o mascote do São José Esporte Clube, conhecido como a "Águia do Vale"

PS2: já estou com o texto da Veja sobre o guarda-roupa papal. Comento mais tarde.

sábado, 5 de julho de 2008

Sua vida em flash

Enquanto aguardo que alguma boa alma me envie a íntegra da matéria da Veja sobre o guarda-roupa do Papa, encontro na Veja Online uma cronologia da vida de Joseph Ratzinger.

Não está ruim, não. Menciona que a família de Ratzinger era anti-nazista, que o futuro Papa só participou da guerra porque foi convocado (e lembra que ele fugiu do front quando chamado pela terceira vez), mas dá um ou outro escorregão. Na linha da vida do Papa, o ano de 1984 vem acompanhado do título "Contra a Teologia", ponto. O texto se refere ao combate à Teologia da Libertação. Então, convenhamos, não deveria ser "Contra a Teologia da Libertação"? Afinal, o que Ratzinger fez foi trabalhar a favor da Teologia, expurgando interpretações que não passavam de sociologia gramscista disfarçada de teologia... fora o lance da "ex-Inquisição" (1981), que eu já comentei aqui em outras ocasiões.

O texto referente a 1993 é no mínimo intrigante. Menciona a nomeação de Ratznger como "bispo de Velletri-Segni" e depois "bispo de Ostia", como se ele estivesse acumulando funções. Na verdade, essas dioceses não são exatamente dioceses no sentido mais comum do termo. O que aconteceu é que Ratzinger se tornou um cardeal-bispo. Os cardeais se dividem em três classes: cardeais-bispos, cardeais-presbíteros e cardeais-diáconos. O nome não tem nada a ver com o grau do sacramento da Ordem. Os cardeais-bispos são bispos titulares (já expliquei isso em outra ocasião) das sete antigas sés suburbicárias de Roma. Velletri-Segni é uma delas. Ostia é outra, e o titular desta diocese é o decano do Colégio de Cardeais. Aliás, aqui a Veja escorrega. Ratzinger só se tornou bispo de Ostia em 2002, e não "cinco anos depois" de 1993.

Bom, quanto aos "erros da Igreja" (2000), eu estou quase desistindo de convencer os colegas. Por outro lado, a descrição do bafafá criado pelos muçulmanos por causa de um discurso do Papa foi muito bem feita, mostrando como o Papa foi mal interpretado.

Agora, e isso é uma dúvida mesmo, provocada pela linha "fatos marcantes" que está na parte de baixo da animação: houve reforma litúrgica em 1947? E, mesmo que tenha havido, a reforma realmente relevante foi a de 1969, ignorada na linha da Veja.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Parece que não aprenderam a lição deixada por Renato Gaúcho

O técnico do Fluminense cantou vitória antes da hora e se deu mal. Meu amigo Jorge Ferraz avisa, em seu blog (muito bom, por sinal), que o Jornal do Commercio, no Recife, dedicou um caderno especial de oito páginas ao arcebispo, dom José Cardoso Sobrinho. Para atacá-lo, obviamente:



Agora, os fatos: dom José completou 75 anos no dia 30 e, como manda o Direito Canônico, apresentou sua renúncia ao Papa. Mas Bento XVI pode não aceitá-la imediatamente, e nesse caso dom José continua à frente da arquidiocese até quando o Papa quiser. E existem alguns precedentes para bispos notadamente fiéis à doutrina católica. Dom Eugênio Sales continuou como arcebispo do Rio de Janeiro até os 80 anos. Dom Pedro Fedalto ficou à frente da Arquidiocese de Curitiba até quase os 78 anos de idade. E Joseph Ratzinger pediu, mas João Paulo II não aceitou a renúncia do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O cardeal só deixou o posto às vésperas de fazer 78 anos, e apenas porque o Papa morreu - e, como sabemos, Ratzinger nem assim conseguiu descanso...

Isso me lembra uma reportagem de capa da Veja em 1994, assinada pelo Mario Sabino, que dava a morte de João Paulo II como iminente. O Santo Padre ainda permaneceu conosco por 11 anos. Algo me diz que o Jornal do Commercio corre o mesmo risco.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Quero que você me aqueça neste inverno...

Dom Clemente Isnard, bispo emérito de Nova Friburgo (onde hoje está dom Rafael Llano Cifuentes - para vermos como as coisas melhoram), acaba de nos presentear com um livro que vai nos fazer muito bem aqui em Curitiba, onde faz um frio de cortar a alma e bom combustível de lareira é sempre bem-vindo.



Pois bem, como costuma acontecer, já começaram a fazer a farra na grande imprensa. Até semana passada, a palhaçada estava restrita ao Adital, uma agência de notícias socialista travestida de católica. Mas agora O Globo Online resolveu entrar na roda.

Bispo aposentado defende mudança na escolha de líderes, fim do celibato obrigatório, mais poder para mulheres e camisinha contra Aids

E lá vamos nós!

Em meio à campanha da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) contra a corrupção na política
Cleide Carvalho, Cleide Carvalho... CNBB é Conferência, e não Confederação.

Depois vem a entrevista. Sério: acredito que seja o pingue-pongue (é como chamamos esse formato de entrevista em que se coloca a pergunta e a resposta) mais mal-editado que já vi na vida. Quer dizer, acho que nem editado foi, a repórter deve ter dado um Ctrl-C Ctrl-V no e-mail e colou no publicador do O Globo Online. Custava ter juntado várias das frases do bispo sobre um mesmo tema, e colocar tudo dentro de uma única pergunta? É assim que se faz edição...

Aí a repórter faz umas perguntas do tipo

O GLOBO ONLINE- É verdade que São Pedro tinha sogra?
Cleide querida, se você tivesse olhado direito a Bíblia veria que lá diz, com todas as letras, que São Pedro tinha sogra. Não precisava ter feito essa pergunta ao bispo.

É verdade que, infelizmente, a maior parte das bobagens dessa entrevista vem do bispo, e não da repórter. Mas um conhecimento um pouco maior da doutrina católica, ou às vezes até mesmo um pouco de sagacidade, teriam servido para colocar dom Clemente na parede. Quer dizer, isso se a repórter não quis apenas servir de escada para o "bispo que desafia a Igreja Católica". Percebam que ele se esquiva em várias perguntas. Mas, em outras, ele abre a guarda e podia muito bem ter levado um direto.

Por exemplo, quando ele diz que "comentadores" não acreditam que seja infalível a declaração de João Paulo II na Ordinatio Sacerdotalis, segundo a qual mulheres não podem ser ordenadas. Custava perguntar "que comentadores são esses?"

Ou quando o bispo conta que, quando ele apitava em Nova Friburgo, deixava mulheres celebrarem batizados e casamentos. No caso do batismo, infelizmente a CNBB instituiu, lá na década de 70, um negócio chamado "ministro extraordinário do batismo". Mas, ainda assim, eles só deveriam agir em caso de ausência do ministro ordinário, que é o bispo, padre ou diácono. Agora, o cânon 1108 diz, sobre o matrimônio:

Somente são válidos os matrimônios contraídos perante o Ordinário local ou o pároco, ou um sacerdote ou diácono delegado por qualquer um dos dois como assistente (...)
Existe uma observação ao cânon 1112 (Onde faltam sacerdotes e diáconos, o Bispo diocesano, com o prévio voto favorável da conferência dos bispos e obtida a licença da Santa Sé, pode delegar leigos para assistirem aos matrimônios) que diz o seguinte:

A possível delegação a leigos está regulamentada pela Instrução da Sagrada Congregação dos Sacramentos, de 15 de maio de 1974 (...). É necessário que o Bispo diocesano obtenha as duas coisas: voto favorável da Conferência Episcopal e licença expressa da Santa Sé. Os leigos designados (sempre por um prazo fixo) têm um papel supletório, quer dizer, só atual licitamente quando falta um ministro ordenado. Seria uma deturpação da finalidade dessa concessão confiar normalmente a celebração do matrimônio a esses leigos. Além disso, corre-se o perigo de diminuir o senso do caráter sagrado do matrimônio.
Basta ler a entrevista de dom Clemente para saber que não é esse o caso. Não faltavam ministros ordenados, mas mesmo assim a freirinha ia lá, porque os casais preferiam que fosse ela. Sorte desses casais que seu matrimônio, embora ilícito, ainda seja válido. Mas a repórter, se tivesse um pouco de senso crítico, poderia ter achado estrando esse negócio da freira celebrar casamento e correr atrás de base legal para isso, não poderia?

Enfim, sei que ler essa entrevista de cabo a rabo significa perder uns 10 minutos da sua vida que jamais voltarão. Para comentá-la no blog devo ter perdido o dobro ou o triplo disso, infelizmente. Mas aqui podemos ver o que a infidelidade de um bispo e a incompetência (ou cumplicidade) de um repórter podem fazer...