terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Para encerrar o ano, uma besteira monumental

Todo mundo já viu (até no Jornal Nacional!), todo mundo já leu que o Papa teria afirmado, no discurso de Natal à Cúria Romana, que "salvar gay é tão importante quanto salvar florestas", segundo a Reuters. O título caiu no gosto de editores em todo canto, pois foi reproduzido ipsis litteris pelo Estadão, pelo O Globo, pela BBC Brasil e sabe mais por quem...

Já posso até imaginar a Gaystapo (vi essa felicíssima expressão na internet, assim que eu lembrar o autor eu coloco aqui) organizando aquelas demonstrações de intolerância típicas do "pluralismo" atual: todo mundo quer que a Igreja seja tolerante, mas ninguém quer ser tolerante com a Igreja.

O Papa na reunião de ontem. Como é fácil botar palavras na boca do sucessor de Pedro... Foto Max Rossi/Reuters

Pois bem, o discurso do Papa está aqui, em italiano. Essa frase do Papa, segundo a qual "salvar gay é tão importante quanto salvar florestas", simplesmente não existe. Verdade que a Reuters não colocou isso entre aspas, mas o fato é que no discurso não há nada nem remotamente parecido com isso.

O que o Papa realmente disse?

As florestas tropicais merecem, sim, nossa proteção, mas não a merece menos o homem, como criatura.
A Reuters publica corretamente muitas das aspas do Papa, mas escorrega justamente no principal, que escolheu como manchete. Uma escolha absurda, feita apenas para chamar a atenção, sem compromisso nenhum com a verdade. O Papa diz que é importante salvar o homem - todos os homens, não apenas os gays - da autodestruição.

Na verdade, eu percorri o discurso todo e nele não existe uma menção qualquer à homossexualidade. O que o Papa faz é a defesa do casamento. A Reuters escreveu:

Ele afirmou que os comportamentos que vão além das relações heterossexuais são "a destruição do trabalho de Deus".
Mas o discurso afirma

Aqui se trata do fato da fé no Criador e na escuta da linguagem da criação, cujo desprezo seria uma autodestruição do homem e, assim, uma destruição da própria obra divina.
Enfim, a Reuters pega toda uma abordagem sobre o comportamento humano, a vontade de ser autosuficiente, o orgulho que faz o homem prescindir de Deus, e a reduz... a sexo. "Frangamente", como diz a Tamara, lá da comunidade Católicos do Orkut...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Madonna e o cardeal

Conta-nos a Folha Online, citando a agência italiana Ansa, que Madonna chegou ao Chile, e o cardeal Medina protestou, com razão.

Você, católico que acompanhou a eleição de Bento XVI, conhece o cardeal Medina Estevez, talvez só não saiba disso. Foi ele quem, de uma das sacadas da Basílica de São Pedro, pronunciou o Habemus Papam.


Eu me lembro muito bem disso...

Pois então, diz a Folha que Medina é "cardeal emérito". Isso não existe. Ninguém se aposenta do cargo de cardeal, e sim do posto de bispo. Medina é prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos (e não da Congregação para a Doutrina da Fé -- outro erro da Folha Online).

Embora eu tenha me metido numa tremenda discussão com um fake de Zorro no orkut por causa da Madonna, o cardeal tem toda a razão. Esperemos que os chilenos dêem ouvidos a ele. Será que rola o mesmo por aqui?