Já faz um tempo (coisa de alguns anos), li numa matéria da Folha de S.Paulo alguma coisa sobre religião, e uma hora o texto falava de "freis cappuccinos". Como já naquela época eu era um jornalista muito implicante, escrevi ao ombudsman, que não lembro quem era, acho que o Mário Magalhães, e questionei essa nomenclatura. A não ser que se tratasse de alguma nova congregação dedicada a fazer café (o que não é inverossímil - sabiam que muita bebida boa saiu de mosteiros?), o certo devia ser "capuchinhos".
Alguns dias depois, o ombudsman me respondeu dizendo que havia consultado o editor de Cotidiano da Folha. O tal editor, bem monossilábico, se limitou a copiar um verbete "do dicionário Michaelis". O verbete era "cappuccino". A definição 1 descrevia o café. A definição 2 dizia "frei capuchinho". Pois bem, o editor teria me convencido... se esse verbete não tivesse sido retirado do dicionário italiano-português Michaelis - que, para azar do jornalista, eu também tinha. Apontei ao ombudsman a picaretagem do seu colega de Folha. Depois disso não recebi mais resposta.
Lembrei-me dessa pequena anedota a propósito disso aqui:
Gravadora contrata monges depois de vê-los na web
O texto não tem nada de mais. Só chama a atenção isso aqui:
Os monges são da ordem dos cistercianos.Obrigado ao Davi Redemerski por chamar a atenção na lista Tradição Católica a respeito disso. Bom, não existe nenhuma ordem dos "cistercianos", assim como não existem "freis cappuccinos". Existe, sim, a ordem dos cistercienses. Mas, como em inglês é "cistercians", o esperto redator do Terra resolveu que nem precisava consultar um dicionário (o Aurélio tem um verbete chamado "cisterciense") e traduziu do jeito que ele achou que era. E, como sabemos, nem tudo que o Terra acha realmente é.
3 comentários:
Um link para o verbete cappuccino no Michaelis.
Devia ter respondido: "Desculpem-me, esqueci que o jornal Folha de São Paulo é escrito em italiano!".
Nossaaaaaaaaa!!! Este blog é excelente.
Favoritarei em meu site.
A paz!
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