De maioria católica, STF julga uso embriões nesta quarta-feira
O primeiro parágrafo é simplesmente absurdo:
Um plenário composto por ministros católicos decidirá a partir da próxima quarta-feira (5) o futuro no Brasil das pesquisas com células-tronco de embriões humanos, em uma sala que ostenta um grande crucifixo na parede. A tendência dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) é liberá-las, apesar das pressões da Igreja Católica contra ela.A matéria pode não afirmar nada com todas as letras, mas insinua: os ministros do Supremo que votarem contra a pesquisa o terão feito não por motivos jurídicos, mas simplesmente porque são católicos. Isso é canalhice (pronto, falei) da Folha Online.
Querem apostar que, depois da votação, as reportagens virão assim? Na hora de mostrar os votos contrários à pesquisa, os repórteres se limitarão a lembrar que os ministros são católicos; na hora de mostrar os votos favoráveis, teremos longas citações dos ministros, com argumentações desenvolvidas.
A picaretagem continua:
O julgamento será permeado por questões religiosas e argumentos emocionais, tanto por parte da igreja quanto da comunidade científica, que estão em lados opostos nessa batalha.Mentira deslavada. A comunidade científica está dividida sobre o tema. Do contrário, não haveria tantos cientistas contrários à pesquisa. Na linha de frente da argumentação contrária ao uso de embriões, por exemplo, estão três cientistas: a Alice Teixeira, a Lilian Eça e a minha amiga Lenise Garcia.
Mas, para os meus colegas da imprensa, isso pouco interessa: se os juristas e os cientistas contrários à pesquisa são católicos, quaisquer argumentos jurídicos e científicos que eles apresentem nunca serão passados adiante; ou, se forem, virão sempre com aquela ressalva: "o cientista/jurista Fulano, que é católico fervoroso...", quer dizer, se um cientista fala algo contra a pesquisa, não é porque ele estudou anos e anos o assunto, de um ponto de vista meramente científico, e sim porque ele é católico. Isso é, como eu disse, canalhice pura.
A Folha Online, no entanto, não se contenta com pouco.
O debate será contaminado por argumentos emocionais disfarçados de teses jurídicas.Como eles sabem? Quer dizer que nenhum dos lados está usando a lei num debate realizado na mais alta corte do país?
a comunidade científica afirma que milhões de pessoas portadoras de doenças diversas dependem da pesquisa com células-tronco para a cura e que as células de embriões são mais promissoras que as adultas (às quais os religiosos não objetam), já que, diferentemente destas, têm a capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de tecido no organismo.Outra mentira. Muitos cientistas (nem é a Igreja, na verdade) têm demonstrado que as pesquisas com células-tronco adultas dão muito mais resultados que as pesquisas com células embrionárias. Pergunte a qualquer cientista honesto (isso faz diferença) e você vai ouvir que, em tese, as células embrionárias até poderiam, sim, ser tudo isso que dizem delas; mas que, na prática, as células-tronco adultas dão de goleada, enquanto as células embrionárias não conseguiram passar do status de eterna promessa. Em breve o site Sociedade Católica promete colocar no ar uma lista com 73 doenças que já podem ser tratadas com células-tronco adultas. Quantas doenças hoje podem ser tratadas com células embrionárias? A resposta está no formato de um dos quitutes preferidos de Homer Simpson.
4 comentários:
"A resposta está no formato de um dos quitutes preferidos de Homer Simpson."
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
"Na linha de frente da argumentação contrária ao uso de embriões, por exemplo, estão três cientistas: a Alice Teixeira, a Lilian Eça e a minha amiga Lenise Garcia."
Seria a solução para isso omitir a religião? Afinal os ateus são bem quistos pela casta dos jornalistas da nossa imprensa.
À propósito, eles sempre têm razão. Como diz o meu pai, que é um destes profissionais, todo jornalista crê veementemente que é Deus.
Você diz: "A matéria pode não afirmar nada com todas as letras, mas insinua: os ministros do Supremo que votarem contra a pesquisa o terão feito não por motivos jurídicos, mas simplesmente porque são católicos. Isso é canalhice (pronto, falei) da Folha Online."
Cuidado! Parece até que você está assumindo que ser católico é um demérito.
Você chinga uns de canalhas e outros de picaretas?
"Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares." (Efésios 6,12)
Você diz: "quer dizer, se um cientista fala algo contra a pesquisa, não é porque ele estudou anos e anos o assunto, de um ponto de vista meramente científico, e sim porque ele é católico."
Cuidado novamente! Parece até que você está assumindo a Ciência como o verdadeiro e único parâmetro.
E nós, será que sabemos o que escrevemos?
ZERO! :D
Análise precisa. Se os cientistas são ateus, a reportagem não menciona. Se são judeus não praticantes, idem. Vamos voltar ao tempo das catacumbas!
Postar um comentário