terça-feira, 10 de março de 2009

Um balanço do caso de Recife

Pois é, agora que já se passaram alguns dias de cobertura do caso da menina de Recife que foi praticamente forçada a fazer um aborto (todo mundo leu o relato do padre Edson, de Alagoinha, não leu?), dá para fazer um balanço dos principais erros cometidos pela imprensa no caso. Lembro que o objetivo desse blog não é rebater todo tipo de insanidade que tem sido dita ao longo desses dias -- para isso temos o Jorge Ferraz, por exemplo, que manda muito, mas muito bem. Pelo blog dele vocês podem chegar a outros que estão comentando o caso também.

Vocês podem ver aí do lado que eu estou totalmente solidário a dom José Cardoso Sobrinho. Ele tem feito e dito as coisas certas, embora eu possa ter algumas restrições ao modo como ele tem feito e dito as coisas certas. Na minha avaliação pessoal, faltou um pouco de jogo de cintura ao arcebispo. O caso demonstra de forma evidente a "tolerância" daqueles que não querem que a Igreja se meta em nada, mas agora acham que podem dar palpite em assuntos internos da Igreja; as feministas, essas estão descontroladas (como dizia aquela letra de funk), a julgar pelos desaforos e até ameaças que escrevem nos blogs de amigos meus. Como diz Philip Jenkins em um ótimo livro cuja leitura recomendo a todos, o anticatolicismo é realmente o último preconceito aceitável.

Mas vamos aos erros da imprensa.

O primeiro deles, e o mais evidente, é que o arcebispo efetivamente não excomungou ninguém. Ele simplesmente declarou uma pena que é prevista pela Igreja, por meio do Código de Direito Canônico. Ainda hoje ainda há reportagens dizendo que "dom José excomungou...". E não me venham dizer que isso é para simplificar o texto: é uma afirmação evidentemente falsa, e que por isso não devia estar em jornal ou site nenhum.

Já vi jornalista por aí dizendo que o padrasto pedófilo "escapou ileso" porque não foi excomungado. Isso é outra sandice. O sujeito está com o caminho muito bem pavimentado para o inferno. Se algum dia tiver oportunidade de entrar numa fila de comunhão, ela lhe será negada, a não ser que ele tenha se arrependido e confessado. O fato de ele não ter sido excomungado se explica pelo fato de pedofilia e estupro não estarem nos casos de excomunhão automática. Mas continuam sendo pecados mortais.

Embora não se trate de um erro sobre a Igreja, não posso deixar de lembrar que o aborto em caso de estupro ou risco de vida para a gestante não é "autorizado" pela lei. Continua sendo crime, só não tem punição. No entanto, não vejo uma reportagem que não afirme que o assassinato cometido tinha amparo legal.

É verdade que o festival de idiotice tem sido maior que o festival de erros propriamente dito, mas ainda assim os erros são sérios. E não duvido que estejam sendo passados adiante até por um jornal onde eu não gostaria que isso acontecesse...

5 comentários:

Anônimo disse...

Peço a MIsericórdia de Deus para mim,para esta mãe e menina de 9 anos, bem como aos profissionais de saúde envolvidos.

Sou católica, mãe de uma menina de 9 anos. Estou do outro lado do mundo. Ao ouvir o Sr. Bispo falar na TV, questionei-me de imediato: "Que faria eu, no lugar dessa mãe?"

Muito embora eu seja contra o aborto, neste caso... eu teria optado pelo aborto.

Olhando para o corpinho infantil de uma menina de 9 anos, analisando toda a sua psicologia infantil, não têm condições de suportar mais esse sacrificio.

Qual mãe suportaria vêr sua pequena filha, já "mutilada" na sua essencia de criança, e, continuar a exigir-lhe o sacrificio.

Concordo consigo, crendo que houve muitos erros, não me atrevo a acusar ninguém, quem sou eu afinal?

Creio ainda muito mais no nosso DEUS, Pai de AMOR e de Misericórdia, que jamais quereria vêr tamanho sacrificio.

Preferia ter visto, ter lido, por parte dos católicos, uma corrente de oração clamando por misericórdia, ao invés de julgarem a mãe e todos os envolvidos!

JESUS MISERICORDIOSO, certamente anseia abraçar esta mãe e esta menina, anseia certamente por lhes mostrar que o SEU amor é muito mais... muito mais além do que nós possamos vêr ou imaginar...

Não tenho emitido censuras, nem sobre Bispo, nem sobre a Igreja, não tenho participado em conversas que abordem este tema, anseio sim fervorosamente o momento da confissão. Este post, neste blog pareceu-me de facto "JORNALISTICO", isento de ofensas, julgamentos em praça publica.

A Paz de Cristo

Guilherme disse...

"Qual mãe suportaria vêr sua pequena filha, já "mutilada" na sua essencia de criança, e, continuar a exigir-lhe o sacrificio."
Qual avó suportaria condenar à morte os próprios netos?


"JESUS MISERICORDIOSO, certamente anseia abraçar esta mãe e esta menina, anseia certamente por lhes mostrar que o SEU amor é muito mais..."
Jesus misericordioso anseia pelos pequenos assassinados pelos médicos, também.

Canela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Marcio, divulgue http://januacoeli.wordpress.com/2009/03/15/urgente-aborto-em-recife-brasil/
O texto é longo, mas é muito importante ser levado ao conhecimento público. Poxa, abortistas deram cobertura a um padrasto estuprador, abortistas seqüestraram, e outras coisas mais. POR FAVOR, PÕE A BOCA NO TROMBONE.

Sue disse...

Senhora Anônimo:

Meu questionamento é um pouco anterior ao seu: em vez de perguntar "qual mãe suportaria ver a filha de nove anos passar pelo 'sofrimento' da gestação" eu me pergunto "que mãe é essa que não percebe ou não interfere quando a filha é ESTUPRADA REPETIDAS VEZES por seu companheiro?"

Se uma mãe permite que uma menina passe por isso,acho que a gestação, mesmo de alto risco, é refresco. E duas crianças inocentes não teriam sido assassinadas por pessoas que fizeram um JURAMENTO de salvar vidas.

A questão principal aqui é o valor da vida. O direito ainda está tentando definir qual é este valro, mas a Igreja já tem bem clara a sua posição: TODA VIDA humana é criação e expressão da vontade divina, e deve ser preservada como algo SAGRADO.