Outro dia, por ocasião da máquina do fim do mundo (aquele acelerador de partículas gigante), o Veríssimo escreveu um texto evocando Santo Agostinho e a curiosidade vã do homem. Deixei passar, pois não sei exatamente o que o santo de coração inquieto disse ou deixou de dizer. Mas hoje, bom, abro a Gazeta e vejo o seguinte, saído da pena do criador do Analista de Bagé:
para que os cristãos que lucrassem com juros não fossem condenados à danação eterna, inventou-se o Purgatório, de onde os pecadores saem sanados e recuperados para o céu.Se o Veríssimo tivesse consultado a Enciclopédia Católica teria visto que, embora a doutrina sobre o Purgatório tenha se consolidado definitivamente no Concílio de Florença, a crença já era muito mais antiga, endossada pelos Padres da Igreja. Afinal, para que rezar pelos mortos se não houvesse mortos que precisassem das orações? Ora, os que estão no céu não precisam das nossas orações; os que estão no inferno, bom, não há oração que os tire de lá; então deveria haver mortos numa etapa de purificação para a qual as nossas orações seriam de proveito. Lógico, não?
Mas, claro, em vez de pesquisar é muito mais fácil acreditar na lenga-lenga que a gente leu em algum site protestante ou ateísta...
