domingo, 31 de agosto de 2008

Atendendo a pedidos...

... foi mal, gente, mas é que em época de Jogos Olímpicos eu realmente paraliso a minha vida para ficar na frente da televisão.

Como vocês sabem, o STF está promovendo audiências para debater o aborto dos anencéfalos. Até o momento, eu tinha visto era muita crítica à Igreja, mas nunca informação falsa. Lembrem-se de que o objetivo do blog não é rebater as críticas à Igreja, mas sim as bobagens que se escrevem sobre ela. Para rebater críticas temos blogs excelentes como o do Jorge Ferraz, o do Fernando Tavolaro e o do Wagner Moura, que não é o capitão Nascimento mas senta o dedo no teclado com a mesma objetividade.

Pois bem, mas hoje a Cristina me passa o link de um artigo da Ruth de Aquino na Época. O pretexto é o aborto de anencéfalos, mas o objetivo é dar um pau generalizado na Igreja. Vejam alguns pedacinhos:

O aborto de fetos anencéfalos é permitido em 41 países, entre eles o Irã. No Brasil, ainda não, por ser pecado.
Na verdade, dona Ruth, o aborto de anencéfalos é proibido no Brasil não por ser pecado, mas por ser... aborto. Caso a senhora não saiba, aborto é crime no Brasil em todos os casos.

Se algo no Brasil fosse crime pelo simples fato de ser pecado, então não precisaríamos de Código Penal. O Catecismo já bastaria.

"Delegado, trouxemos o elemento aqui por violação do 2.253"
"Que 2.253?"
"Ponto 2.253 do Catecismo, doutor".

Está provado que a anencefalia é letal em 100% dos casos.
Olha, até onde eu sei, tirando dois casos no Antigo Testamento e talvez a Virgem Maria (não há definição sobre isso), a vida é letal em 100% dos casos.

O dogma rejeita argumentos científicos ou de liberdade individual.
Como "rejeita argumentos científicos"? Se a argumentação que vem sendo usada no STF é 100% científica e jurídica, e 0% religiosa? Mais uma prova de que quem pretende transformar o assunto em uma questão religiosa são justamente os não-religiosos.

Aí dona Ruth muda de assunto para comentar a mobilização contra a Playboy da Carol Castro.

Para os adultos que compram a revista, a nudez comercial e escancarada não é profana.
Acho que dona Ruth queria dizer "blasfema" em vez de "profana", pois um dos significados de "profano" é tudo aquilo que não é sacro. Música profana não necessariamente significa música que desrespeita a religião.

O segundo engano de dona Ruth é ignorar que certas coisas são o que são independentemente do que as pessoas acham ou deixam de achar. Blasfêmia é blasfêmia ainda que o mundo inteiro ache que não tem nada de mais.

É como se, ao discordar da Igreja, você fosse amaldiçoado, excomungado e jogado
à fogueira.
Excomungado é uma hipótese bem provável, já que especialmente no caso do aborto as excomunhões são automáticas, não precisam nem de confirmação da Sé Apostólica.

Engraçado a dona Ruth apontar uma suposta "intolerância da Igreja" quando a gente poderia escrever assim: "É como se, ao discordar do pensamento relativista atual, você fosse amaldiçoado, execrado e jogado à fogueira", pois é isso mesmo que a sociedade atual faz com quem se atreve a defender a vida, a visão tradicional de família... acaba rotulado como "fundamentalista", "retrógrado", "medieval", tem sua imagem destruída em uma sociedade onde imagem é tudo.

Quando a religião se impõe ao corpo de leis de um Estado
laico
Outro engano de dona Ruth. Quem disse que a religião está se impondo? Ao que parece, está acontecendo justamente o contrário...

Quando o lobby GLBT (um dia eles ainda vão se apropriar de todas as letras do alfabeto) faz pressão para o Congresso ou o STF reconhecerem a sua visão de "família", ninguém se atreve a dizer "quando o homossexualismo se impõe ao corpo de leis de um Estado...". Mas basta a Igreja, que é parte importante da sociedade, tentar defender seu ponto de vista que vemos frases como essas, da dona Ruth.

Ah, ela quer saber como anda o ibope do Temporão no céu. Anda baixo, sim. Como o seu, dona Ruth.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Não dá pra ser indulgente com isso

O David Redmerski me mandou no começo da semana o PDF da matéria da Veja desta semana sobre as finanças do Vaticano. Estava indo tudo muito bem até mudar de página. Aí lemos a seguinte aberração:
A venda pela Igreja Católica de cartas de indulgência, que absolviam os pecados do comprador, esteve no centro da controvérsia que levou à Reforma Protestante


Gravurinha de Cranach, o Velho, com o Papa vendendo indulgências. Já naquela época eles não sabiam o que escreviam, nem o que desenhavam.

Quantas, Senhor, quantas vezes terei de explicar aos meus colegas que indulgência não é o perdão dos pecados? Para um católico, o perdão dos pecados só se consegue com a confissão. Indulgência é outra coisa: é a remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados -- a confissão sacramental apaga a culpa, o que já é suficiente para recuperar o estado de graça, mas a pena devida permanece. Ou ela é paga aqui, com obras de caridade e penitência; ou é paga no Purgatório (com juros e correção monetária); ou é cancelada pelas indulgências. Acontece que, na época da construção das grandes catedrais, a contribuição financeira também era obra recompensada com indulgência, o que levou à criação dessa verdadeira lenda urbana.

Ah, eu mencionei que para conseguir a indulgência é preciso ter se confessado antes?