Acabei de ver a matéria do Jornal Nacional sobre o encerramento da Assembléia Geral da CNBB, em Itaici. Infelizmente não tem link. Ou talvez felizmente, porque a matéria é um desastre.
Começa com uma dessas "celebrações da palavra" que infestam (sim, o verbo é esse mesmo) o país, comandada por uma mulher que distribui comunhão, etc. etc. Aí me vem um sujeito que diz "é a mesma coisa [que missa celebrada por padre], o que importa é o coração". E aí vem a ministrete (copyright Carlos Ramalhete) explicando que a paróquia tem 28 comunidades e dois padres, então tem que ser daquele jeito.
Aí já cabem duas observações:
Bom, eu sei, você sabe, que celebração da palavra e Missa
não são a mesma coisa nem aqui, nem em Júpiter. Mas isso pouco importa para a reportagem. Tudo bem que não chega a ser obrigação do repórter esclarecer os telespectadores sobre a forma certa de cumprir o terceiro mandamento - essa obrigação é do bispo do lugar e dos dois padres da paróquia. Também é do fiel, que deveria correr atrás de formação. Mas se os pastores não se encarregam de dizer que não, não é a mesma coisa, o fiel fica parcialmente desculpado. Parcialmente.
E, convenhamos, paróquia com dois padres já está muito acima da média nacional. Estão reclamando do quê? A não ser que a paróquia tenha o tamanho de Minas Gerais, dois padres podem muitíssimo bem dar conta de garantir que suas 28 comunidades cumpram adequadamente o preceito dominical. Têm a tarde de sábado e o domingo inteiro para isso.
Mas aí segue a reportagem, e o intrépido jornalista nos explica que "leigo" é aquela pessoa não-ordenada
que desempenha serviços na Igreja. Espero que não tenhamos uma legião de telespectadores passando por crise de identidade. Eu, por exemplo, não uso jaleco para distribuir a Eucaristia na missa; não participo de nenhum "ministério" de música, sequer do coral da Madalena; não faço jornalzinho de paróquia. E também não sou ordenado. Sou o que, então? Mas felizmente o repórter se engana. Para ser leigo, basta não ser ordenado ou religioso/a. Até o repórter, se for católico, também é leigo, embora eu ache que ele não saiba disso.
Daí pra frente a coisa fica um mero relato do que houve em Itaici. Também ficamos sabendo que, para atender decentemente todas as paróquias brasileiras, precisaríamos de três vezes o número atual de padres. Olha, eu acho que a estatística é falsa. Porque, se pegarmos todos os padres que hoje gastam tempo apoiando invasão de terra, escrevendo artigos e livros pró-heresia da Libertação, "ganhando o coração" de garotões com Pajeros, dando aula de "teologia" modernista nas PUCs da vida, e colocássemos diante dos altares e dentro dos confessionários, tenho a impressão de que daria, sim, pra atender as necessidades dos fiéis. Isso, claro, porque eu acredito que os fiéis necessitam é da salvação da sua alma, e não da revolução socialista.