quinta-feira, 29 de maio de 2008

Quando crescer quero ser como ele

Na manhã de hoje, Reinaldo Azevedo também escreve em seu blog sobre a demonização da Igreja Católica feita pela imprensa quando insiste em lembrar que Carlos Alberto Direito é "católico fervoroso". O texto vale muito a pena - já a maioria dos comentários parece ser feita por gente que simplesmente não leu o que o Reinaldo escreveu (ou, se leu, não entendeu).

quarta-feira, 28 de maio de 2008

E não é que ele existe mesmo?

Os cassetas sempre fazem algum trocadilho com os nomes dos jornalistas da Globo, e é assim que Alexandre Garcia virou Alexandre Gracinha, interpretado pelo Beto Silva (infelizmente não achei fotos). Antes fosse só piada: Alexandre Gracinha existe de verdade e apareceu hoje cedo, no Bom Dia Brasil, falando ao vivo de Brasília sobre o julgamento das células-tronco embrionárias no STF (que ainda está rolando, até onde eu sei).

Primeiro ele começou lembrando que tanto o ministro Carlos Direito quanto o ex-procurador-geral Cláudio Fonteles são "católicos fervorosos". Raios, o que isso tem a ver com a história? Por que só eles aparecem na imprensa com esse aposto? Por que não procuram saber a religião dos outros ministros, ou da Mayana Zatz? Por exemplo, o ministro Ayres Britto, aquele que redigiu um voto antalógico, é seguidor de um tal Osho, mas se depender do Alexandre Gracinha, e de todo o resto da imprensa, ninguém ficaria sabendo. "Ah, mas no voto dele não tem citações do Osho, então a religião do Ayres é irrelevante", alguém pode dizer. Então tá: na Adin do Fonteles e na argumentação do Carlos Direito também não há citações de encíclicas papais - é só fundamento jurídico e científico. São textos que poderiam ter sido escritos por um protestante, um judeu, um budista, um ateu... mesmo assim, 110% das menções ao ministro e ao ex-procurador-geral vêm com o "católico fervoroso" quase como se fosse um sobrenome.

Aí a apresentadora pergunta o que acontece com os embriões se o Supremo der razão ao Fonteles. Então o Gracinha responde que vão pro lixo, ponto. Não que "poderiam" ir pro lixo: eles vão. E, indo pro lixo, acabariam com a esperança de tantas pessoas que esperam a cura para seus problemas (isso apesar de as células embrionárias até hoje não terem mostrado resultado nenhum) - e o Gracinha arremata com sua tentativa de teologia, lembrando que a esperança é uma das virtudes teologais, ao lado da fé e da caridade, caridade que precisaria ser exercida para com os portadores de doenças "curáveis" com o uso de embriões.

Decerto o Gracinha deve ter terminado a entrada ao vivo pensando "nossa, arrasei com esse negócio das virtudes". É, arrasou com o bom senso. Vamos rapidinho ao Compêndio do Catecismo da Igreja Católica para comprovar que a virtude teologal da esperança é algo muito diferente de esperar que, matando embriões, se consiga a cura para Parkinson, Alzheimer ou que se faça um paraplégico voltar a andar.

387. O que é a esperança?

1817-1821;
1843

A esperança é a virtude teologal por meio da qual desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena.
(ah, sim, aproveite para verificar que "caridade" também não tem nada a ver com destroçar seres humanos para pesquisas que até agora não deram em nada)

Conclusão: na época em que os repórteres apenas não sabiam o que era um cardeal, mas ainda não se metiam a dar uma de teólogos, eu era feliz e não sabia.

domingo, 18 de maio de 2008

Meus colegas andam muito preguiçosos

Está rodando por aí a notícia de que a Justiça baiana mandou recolher livros do monsenhor Jonas Abib. Quem me conhece sabe que não morro de amores pela RCC, especialmente pelos abusos litúrgicos e pela "ordinarização do extraordinário", mas o assunto não é esse. Essa matéria do Terra segue a mesma linha de tudo o mais que eu já li sobre o assunto:

Justiça da Bahia manda recolher livro de padre

A acusação:

O promotor Almiro Sena alegou que Abib faz "afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto".
E a matéria fica por aí. Será que nenhum repórter teve a capacidade de conseguir um exemplar do livro para verificar se as afirmações do promotor têm procedência? Só porque o promotor falou, é isso mesmo? Como é que temos na imprensa trechos completos da tal carta do Einstein leiloada recentemente, mas não temos uma linha sequer do livro censurado? Com a resposta, os repórteres.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O povo do El País precisa se decidir

Tá aí um filme realmente bom!

No domingo o El País resolveu publicar um perfil de um padre exorcista espanhol. A matéria está muito bem escrita, inclusive.

Mas, como era de se esperar do El País, os jornalistas de lá continuam sem fazer a menor idéia das coisas que o Papa diz ou deixa de dizer:

Pese a sus relaciones con los demonios, Fortea coincide con el Papa en que el infierno, como lugar concreto, no existe.
Vamos ver com cuidado. Então, diz o El País que, segundo Bento XVI, o inferno, como lugar concreto, não existe. Mas em fevereiro desse ano o mesmíssmo El País publicou o seguinte:

El papa Benedicto XVI ha asegurado que el infierno existe y no está vacío. No es anuncio nuevo, en 2007 ya mencionó la existencia del infierno como lugar, algo que su antedecesor, Juan Pablo II, había rechazado.
Lembram disso? Eu comentei essas matérias à exaustão em fevereiro, consultem o arquivo do blog. Inclusive demonstrei que não existe contradição nenhuma entre as palavras de Bento XVI e de João Paulo II.

Mas, para o El País, em fevereiro Bento XVI diz que o inferno é um lugar; em maio, Bento XVI não acredita no inferno como um lugar. O que eu acho é que são os jornalistas espanhóis que não sabem do que estão falando. Vai ver estão com o diabo no corpo.

O L'Osservatore precisa parar de publicar entrevistas



Lembram do monsenhor Girotti, "vice" da Penitenciaria Apostólica? Ele deu uma entrevista despretensiosa para o L'Osservatore Romano e logo depois o mundo estava perplexo com a "lista dos novos pecados capitais" - cortesia da BBC.

Pois é. Agora quem deu entrevista ao jornal vaticano foi o padre José Gabriel Funes, diretor do observatório astronômico do Vaticano. E aí a BBC Brasil, sempre ela, me lasca o seguinte título em sua matéria:

Vaticano admite que pode haver vida fora da Terra
Como se percebe, a BBC tem o vício de atribuir à Igreja Católica qualquer declaração de alguém que esteja dentro dos muros (ou em Castelgandolfo, onde fica o observatório). Sejamos honestos: o Vaticano não admitiu nada. O padre Funes não fala em nome da Santa Sé, e sim como astrônomo e estudioso. Só isso.

O Terra não quis ficar atrás:

É possível crer em Deus e extraterrestres, diz padre
O problema desse título é que não se "crê" em Deus da mesma forma como se "crê" em ETs. A existência de ETs é um dado cientificamente comprovável, ao contrário da existência de Deus, que, embora possa ser captada pela razão, não pode ser provada em laboratório.

Além disso, o Terra lasca um

Jesus reencarnou uma vez para todos. A reencarnação é um evento único e não pode ser repetido
que só pode ser erro de tradução, pois é uma frase incoerente em si mesma. Se é um evento único que não se repete, é a encarnação, e não a reencarnação. Além disso, católicos não acreditam em reencarnação.

O Terra diz ter pego as informações da Ansa, então lá fui eu atrás da agência italiana, e descubro que eles conseguiram fazer pior que os brasileiros!

Vatican: 'God made aliens too'

Quer dizer, deixou de ser possibilidade para ser certeza!

(ANSA) - Vatican City, May 13 - God made not only Man but also any other intelligent life in the Universe, the Vatican's top astronomer said Tuesday.

"Just as there is a multiplicity of creatures on Earth there could be other beings, intelligent ones, created by God," Father José Gabriel Funes told Vatican daily L'Osservatore Romano.
Vejam que, na hora das aspas do padre, fala-se de possibilidade. Mas no primeiro parágrafo o tempo verbal empregado já dá a idéia de certeza... então rezemos pela alma dos ETs, sejam os de filme, o de Varginha, o chupa-cabra e todos os outros!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tem horas em que é bom não ter televisão por assinatura

Domingo que vem o Discovery Channel vai apresentar um programa chamado Continente da Esperança. Não entendi direito se é uma série, ou se é apenas um único programa.

Mas só de ler a sinopse eu acho que vou ganhar mais vendo Fantástico, ou qualquer mesa redonda analisando a primeira rodada do Brasileirão da Série B (que é o que interessa). O Discovery quer descobrir por que o número de católicos diminui e por que faltam padres. Garanto que sobre isso eles terão entrevistado o Fernando Altemeyer, a Ivone Gebara, o Leonardo Boff, o frei Betto, o Marcelo Barros, um monte de CEBeiros... não conto muito com a hipótese de ver no programa gente do porte de dom Eugênio Sales, dom José Cardoso Sobrinho...
E provavelmente vão apontar como causas do declínio de católicos a rigidez moral da Igreja, o centralismo de Roma, a liturgia engessada no modelo europeu (que não permite a tal "inculturação"), essas coisas. Quando as verdadeiras causas (a Teologia da Libertação, a perda de significado do sacerdócio, o relativismo moral), essas vão passar batidas pelos repórteres do Discovery.

O fim do texto que apresenta o programa no site é de matar:

A situação é tão preocupante que cerca de 70% das missas dominicais no País são celebradas sem padres.
Só para deixar bem claro: a estatística está completamente errada porque sem padre, não existe missa! Lembram daquela matéria da Globo sobre a assembléia da CNBB, que começava com um leigo de jaleco fazendo celebração da palavra e depois um fiel dizendo que "é a mesma coisa, o que importa é o coração"? Pois bem, que um fiel com formação deficiente diga isso é uma coisa; que um repórter que deveria entender do assunto que cobre diga isso é outra coisa, bem pior.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O que deu na Ilze Scamparini?

Domingo, no Fantástico, lá foi ela à Áustria visitar a cidade onde o Josef Fritzl trancava a filha (para ficar na parte light da coisa). Em um dado momento, ela se refere à Áustria como "país católico". De fato, parece que realmente a maioria da população austríaca é católica. Mas a referência, naquele contexto, ficou esquisita. Como se atrocidades como aquelas não ocorressem em países não católicos.

Só faltava ela dizer que o sujeito tinha o mesmo primeiro nome do Papa...

domingo, 4 de maio de 2008

O santo guerreiro

Saiu hoje no G1:

Santo padroeiro do Corinthians também foi "rebaixado", mas não perdeu santidade


São Jorge segundo Rafael Sanzio

Brincadeiras à parte com meu time, vamos ver o texto com atenção. Uma das primeiras coisas que o repórter esclarece é que não existe "dessantificação".

Mas depois, como é de costume, colocam nas costas do Vaticano II todo tipo de coisa:


A situação mudou consideravelmente após o Concílio Vaticano Segundo (1962-1965), reunião que deu novos rumos à Igreja no século 20. Os líderes católicos decidiram dar mais peso à Bíblia e à figura de Cristo nas missas e demais celebrações religiosas, diminuindo a ênfase nas festas relacionadas a santos. Apenas as mais importantes, como as que envolvem São Pedro e São Paulo, considerados os principais líderes do cristianismo primitivo, continuaram a ser celebradas pela Igreja no mundo inteiro.
Primeiro, que na Missa a ênfase sempre esteve na Bíblia e em Cristo. Segundo que ainda existe um grande bocado de festas consideradas obrigatórias pela Igreja em todo o mundo. Se fossem só as dos Apóstolos e de mais um ou outro santo, sobraria muito pouco. Mas basta pegar o Diretório Litúrgico da CNBB para ver o bocado de memórias obrigatórias que ainda estão lá.

E o padre Oscar Beozzo também comete seu escorregão:


Outros santos tiveram o mesmo destino, como Santa Filomena, que começou a ser venerada a partir de 1808 com a descoberta de seu nome numa das catacumbas. "Mas, nesse caso, ela nem tinha chegado a ter um dia oficial de festas", diz o historiador da Unicap. "Quem era devoto de Santa Filomena realmente ficou meio perdido", diz o padre Beozzo.
Segundo a Enciclopédia Católica, Gregório XVI (Papa de 1830 a 1846) instituiu sim a festa de Santa Filomena, em 9 de setembro. E seu túmulo foi descoberto em 1802, não em 1808.

Convenhamos, podia ter sido muito pior. Podiam dizer, como já vi por aí, que a Igreja teria deixado de reconhecer São Jorge como santo. O resultado final até que é bom. Agora, descobri que o G1 tem uma série de reportagens chamadas "Ciência da Fé". Vou ler mais e depois conto aqui o que descobri.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Milagre!

Vi ontem as reportagens do Jornal da Band e do Jornal Nacional sobre a tal pesquisa da UnB e Uerj sobre o perfil das mulheres que abortam. Achei estranho isso ter aparecido na televisão só ontem, pois no jornal eu me lembro de ter visto algo sobre o assunto na semana retrasada.

De qualquer maneira, achei incrível o fato de nenhuma das duas matérias ter entrevistado alguém das Diabas pelo Direito de Matar para dar o seu pitaco. O mundo ainda tem salvação!

E vá lá, as reportagens deixaram de fazer uma distinção importante entre ser católico e se dizer católico - sabemos que, ultimamente, existe um abismo enorme entre essas duas coisas.

Por fim, vejam vocês, não é que as adolescentes são mais responsáveis que mulheres de 20 a 29 anos mães de família?