Estava eu aqui vasculhando as notícias da Folhapress para o fechamento do jornal de hoje quando vi a seguinte insanidade:
Religião-Vaticano: Papa remove cardeal responsabilizado por crise sobre HolocaustoFiquei pensando quem seria o tal cardeal. Aí o texto diz:
O papa Bento 16 removeu hoje uma autoridade do Vaticano amplamente responsabilizada por suspender a excomunhão do bispo Richard Williamson, que havia negado a amplitude do Holocausto.Opa, opa! O responsável por suspender as excomunhões dos bispos lefebvristas foi o próprio Papa! Ele disse isso mais de uma vez! E aliás a Folhapress sabe disso, pois lá no fim do texto escreveu
O cardeal Darío Castrillón Hoyos era presidente do departamento Ecclesia Dei (Igreja de Deus) criado 20 anos atrás pelo Vaticano para buscar uma reaproximação com o grupo dissidente tradicionalista Sociedade de São Pio 10º (SSPX), que se opõe a medidas de modernização introduzidas na igreja pelo Concílio Vaticano 2º (1962-65).
Os comentários de Williamson e a decisão do papa de remover sua excomunhão -que visava a pôr fim a uma disputa de 20 anos dentro da igreja-Então, qual foi o "erro" de Castrillón? Foi bem diferente de "ser responsável pela reabilitação de Williamson":
Mas o bispo britânico já havia feito comentários semelhantes antes do perdão -boa parte deles disponíveis na Internet - e Castrillón Hoyos foi criticado por não ter examinado o caso dele adequadamente e previsto a reação que se seguiria.Do jeito que saiu a notícia na Folhapress, ficou parecendo que o Papa estava retaliando o cardeal Castrillón pela sua atuação no caso dos lefebvristas. Assim como os idiotas do Estadão fizeram parecer que o Papa tinha aceito a renúncia de dom José por causa do episódio de Alagoinha. Mas o que aconteceu de fato?
A incorporação da Comissão Ecclesia Dei à Congregação para a Doutrina da Fé já era algo amplamente conhecido. Só não se sabia quando ocorreria. Com o novo organograma, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé se torna presidente da Ecclesia Dei. Além disso, o cardeal Castrillón já está com 80 anos, bem acima da idade de aposentadoria dos bispos. Ou seja, o entra-e-sai de prelados tem motivos puramente organizacionais. Querer atrelar a aposentadoria do cardeal Castrillón ao caso do bispo Williamson é forçar demais a barra. Mas o que esperar da Folha, némesmo?
E fica a pergunta: na manhã dessa quinta, quantos jornais terão caído no conto da Folhapress?