terça-feira, 25 de março de 2008

Os freis cappuccinos ganharam companhia

Desculpem o sumiço - muito, mas muito trabalho no jornal. Várias novidades, a Gazeta do Povo de domingo vai bombar. Espero que todos tenham tido uma santa Páscoa.



Já faz um tempo (coisa de alguns anos), li numa matéria da Folha de S.Paulo alguma coisa sobre religião, e uma hora o texto falava de "freis cappuccinos". Como já naquela época eu era um jornalista muito implicante, escrevi ao ombudsman, que não lembro quem era, acho que o Mário Magalhães, e questionei essa nomenclatura. A não ser que se tratasse de alguma nova congregação dedicada a fazer café (o que não é inverossímil - sabiam que muita bebida boa saiu de mosteiros?), o certo devia ser "capuchinhos".

Alguns dias depois, o ombudsman me respondeu dizendo que havia consultado o editor de Cotidiano da Folha. O tal editor, bem monossilábico, se limitou a copiar um verbete "do dicionário Michaelis". O verbete era "cappuccino". A definição 1 descrevia o café. A definição 2 dizia "frei capuchinho". Pois bem, o editor teria me convencido... se esse verbete não tivesse sido retirado do dicionário italiano-português Michaelis - que, para azar do jornalista, eu também tinha. Apontei ao ombudsman a picaretagem do seu colega de Folha. Depois disso não recebi mais resposta.

Lembrei-me dessa pequena anedota a propósito disso aqui:

Gravadora contrata monges depois de vê-los na web

O texto não tem nada de mais. Só chama a atenção isso aqui:
Os monges são da ordem dos cistercianos.
Obrigado ao Davi Redemerski por chamar a atenção na lista Tradição Católica a respeito disso. Bom, não existe nenhuma ordem dos "cistercianos", assim como não existem "freis cappuccinos". Existe, sim, a ordem dos cistercienses. Mas, como em inglês é "cistercians", o esperto redator do Terra resolveu que nem precisava consultar um dicionário (o Aurélio tem um verbete chamado "cisterciense") e traduziu do jeito que ele achou que era. E, como sabemos, nem tudo que o Terra acha realmente é.

sábado, 15 de março de 2008

Mas ainda estão caindo nessa?

Estou passando o fim de semana com a Cristina em Blumenau, e eis que vejo uma chamada do Estúdio SC, o programinha que a RBS daqui exibe depois do Fantástico. Eles vão falar, adivinhem?, dos "novos pecados capitais". Mostram carros de luxo enquanto falam que agora ser muito rico também é pecado, e vão ver o que os catarinenses acham da "lista que o Vaticano publicou".

Tudo bem que esse blog não é assim um campeão de leitura, mas será possível que ainda estejam tratando o assunto desse jeito? O próprio Vaticano já tratou de anunciar que não havia lista, muito menos de "novos pecados capitais".

A página para a qual dei link acima tem, lá embaixo, uma caixa de "fale conosco". Que tal explicarmos a verdade para esse pessoal? Uma sugestão é dar o link da Canção Nova a tradução da entrevista que saiu no L'Osservatore Romano.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Dois mais ou menos absolvidos e um que precisará de muita penitência

Obrigado ao THT pela lista.

O Correio da Bahia não apenas não entrou na onda dos "novos pecados capitais", como fez a diferenciação. Também deixou de lado aquela babaquice da BBC Brasil sobre "riqueza extrema" ser pecado. Só escorregou na história de os pecados serem "novos".

Já o O Povo, de Fortaleza, embora não tenha comprado o discurso de "novos pecados capitais", resolveu entrevistar justo o Beozzo? Com tanto teólogo decente por aí... quer dizer, vá lá, podem não ser tantos assim, mas melhores que um TL garanto que existem. E olha que fiquei com dúvidas em relação à posição do Beozzo sobre células-tronco embrionárias, por exemplo.

E, pelo contrário, a Época tenta cavar seu lugarzinho no círculo do inferno reservado aos jornalistas que distorcem o que a Igreja diz. Como se a BBC Brasil não tivesse feito bobagem suficiente, a Época tenta piorar a situação.
a Igreja Católica pretende editar uma nova relação que pode deixar ainda mais fiéis do lado de fora do paraíso.
Não, caro Thiago Cid, a Igreja não pretende fazer absolutamente nada.
As mudanças foram anunciadas pelo monsenhor Gianfranco Girotti – considerado o número do 2 do Vaticano
Não houve nenhum "anúncio de mudança". Houve uma simples entrevista sobre as funções da Penitenciaria (sem acento) Apostólica. E o "número 2 do Vaticano" é o cardeal Bertone, secretário de Estado. Girotti pode ser o "número 2" da Penitenciaria.
A lista de novos pecados, porém, ainda não foi oficializada pelo Vaticano.
Provavelmente a lista não vai ser oficializada pelo Vaticano porque não existe lista nenhuma para ser oficializada...

terça-feira, 11 de março de 2008

O que mais me surpreende...

... nessa história dos "novos" pecados é que a matéria original, do L'Osservatore Romano, não passava de uma inocente entrevista sobre a Penitenciária Apostólica, um órgão do Vaticano (leiam a íntegra no link da Canção Nova que eu passei no post abaixo). Aí pegam uma pergunta e em cima dela montam todo um estardalhaço que corre o mundo, inventando listas de "novos pecados" (e olha que tem coisas na lista que nem Deus sabe de onde saíram)... será que anda faltando notícia no planeta?

Com vocês, os "novos" pecados

Um texto da BBC Brasil datado de ontem causou polvorosa no mundo católico, e fez a alegria de jornais que adoram essas coisas pitorescas sobre a Igreja.

Vaticano divulga lista de novos pecados capitais

Foi uma pena que eu não tenha conseguido o texto em italiano do L'Osservatore Romano de domingo, que é a fonte original do rebuliço. Assim eu teria comparado exatamente o que saiu com o que a BBC Brasil disse que saiu (afinal, todos sabemos que a regra é haver diferenças gritantes entre uma e outra coisa). Mas o site da Canção Nova publicou o que parece ser a tradução do texto.

Lendo a notícia na Canção Nova, logo de cara se descarta que os "novos pecados" sejam "pecados capitais". Afinal, pecado capital é um vício do qual derivam vários outros. Em outras palavras: no fim das contas, praticamente todos os pecados são expressões (ou "aplicações práticas") desses sete. E a nova lista traz coisas muito específicas. A Gazeta do Povo, por exemplo, adotou a nomenclatura "pecados sociais". Eu fico com o pé atrás em relação a isso: "pecado social" é um conceito que a TL adora, porque o "pecado de todo mundo" acaba virando o pecado de ninguém, e a responsabilidade individual vai pro espaço - podemos ver isso em alguns folhetinhos de missa, quando no ato penitencial as pessoas são levadas a pedir perdão pelo pecado dos outros, pelo pecado da comunidade, mas nunca pelo próprio pecado. Na verdade, o Vaticano fala de pecados individuais com conseqüências sociais.

Bosch, que vocês já conhecem desse blog, pintou os sete pecados capitais. Abrimos, claro, com o "pai de todos", a soberba.

E também descarto a interpretação de que esses pecados sejam "novos", no sentido de que antes não eram pecado, e agora passam a ser. Qualquer cristão consciente sabia, muito antes dessa lista, que "causar injustiça social" e "poluir o meio ambiente" eram pecados (Deus não colocou o homem no jardim para que cuidasse dele? Então, usar mal os recursos naturais pode ser considerado um dos primeiros pecados, em ordem cronológica...). "Usar drogas", inclusive, já constava até no Catecismo publicado em 1992:
2291 O uso da droga causa gravíssimos danos à saúde e à vida humana. Salvo indicações estritamente terapêuticas, constitui falta grave.
Qualquer pecado sempre foi pecado e sempre continuará sendo. Lembro da época do lançamento do Catecismo de 1992, em que diziam "soltar cheque sem fundo agora é pecado". Bobagem: mesmo antes de 1992, cheque sem fundo já era pecado, pois constitui fraude. Por outro lado, diziam que os duelos tinham saído do catecismo. Óbvio: ninguém mais fica trocando golpes de espada na rua. Mas, caso ainda haja quem prefira resolver suas diferenças assim, um aviso: duelar continua sendo pecado. Da mesma forma, no Catecismo não diz que hackear computadores alheios para pegar senhas é pecado - mas quem duvida de que é uma atitude moralmente errada?

Gula - só porque está quase na hora do almoço.

E ainda nem falamos das interpretações individuais de cada pecado!

Não sei como, porque não solicitei nada disso, estou no mailing de um site humorístico chamado Central de Notícias Populares, com o subtítulo "Jornalismo com responsabilidade social". Pois bem, ontem mesmo recebi um aviso:
Transgênico agora é "pecado" – O pessoal da “Opus Dei” que se relaciona aí com parte da imprensa brasileira, está em apuros. É que o Vaticano incluiu os organismos geneticamente modificados na lista de “pecados modernos”. E pela “cobertura” que os grandes medias dão aos opositores dos transgênicos, uma boa parte já está com seu cantinho reservado no inferno. Claro que lá, estarão em boa companhia, com a Monsanto, a Bunge , a Cargill, a Syngenta e outras empresas que querem patentear a vida e empestiar toda a superfície da terra com os seus royalties.
(OK, pausa para as gargalhadas. É ou não é verdade que socialismo em excesso faz mal ao cérebro?)

Bom, se a infiltração da Obra na imprensa fosse do jeito que esse povo imagina, garanto que o jornalismo brasileiro seria muito melhor - e não sairia tanta bobagem sobre a Igreja na imprensa, concordam?

Agora, vamos ao que o Vaticano entende por "modificação genética". Com a palavra, monsenhor Gianfranco Girotti:
na área da bioética, aonde não podemos deixar de denunciar algumas violações nos direitos fundamentais da natureza humana através de experimentos, manipulações genéticas
Ficou claro ou preciso desenhar? A manipulação genética condenada é aquela feita com seres humanos. O Vaticano não tem nada contra os transgênicos.

A BBC Brasil fez (e outros copiaram) uma listinha de pecados. Curiosamente, no site da Canção Nova não tem listinha nenhuma. Pior ainda - na relação da BBC Brasil tem coisa que simplesmente nem foi mencionada na entrevista com o monsenhor Girotti, como
5. Tornar-se extremamente rico
Na Canção Nova não tem, mas eu queria muito ver se no L'Osservatore Romano saiu algo parecido. Porque ser rico, ou "extremamente rico", não é pecado. O pecado é ter acumulado riqueza explorando outros, recorrendo à fraude, e ser apegado às riquezas. Quem se tornou "extremamente rico" trabalhando duro, remunerando seus empregados de forma justa e não se apegando à riqueza conquistada não faz nada de errado.

A BBC Brasil ainda cometeu uma gafe monstruosa:
Na entrevista ao Osservatore Romano, Girotti recordou as recomendações para se receber o perdão.

"Confissão em 15 ou máximo 20 dias antes ou depois de cometer o pecado, comunhão, oração segundo as intenções do papa, pureza e caridade", disse o clérigo.
Confissão antes de cometer o pecado? Isso simplesmente não existe! Vejamos agora o que saiu na Canção Nova:
Nicola Gori - Não parece que as condições para ter indulgências sejam leves?
Gianfranco Girotti - Se juntamente às condições impostas - confissão sacramental, não mais do que há 15 dias antes ou depois da indulgência, comunhão eucarística e oração segundo as orações do pontífice – pensemos que para adquirir a indulgência também é pedido um grau de pureza e sinais de ardente caridade, coisas difíceis à nossa fragilidade, então diria que aquilo que está estabelecido não é de se minimizar.
O erro é grotesco. A confissão é dias antes ou depois da indulgência, não do pecado! Antes mesmo de eu ler o texto na Canção Nova, o Jorge Ferraz já tinha cantado essa bola: a de que o padre estivesse se referindo a indulgências, que de algum modo a imprensa entendeu como "perdão dos pecados". O que não é surpreendente, já que muitíssimas vezes vi essa confusão nos jornais.

(Desculpem, não achei as reproduções detalhadas dos outros pecados segundo Bosch)


Mas bem que podiam incluir na listinha "distorcer informações sobre a Igreja"...

Mistério resolvido

Faz alguns dias perguntei, nesse blog, por que quase ninguém noticiou a nota da CNBB sobre as Católicas pelo Direito de Decidir.

Ontem, depois que eu li a abjeta Mensagem às Mulheres do Brasil, em que os bispos defendem as invasoras da Via Campesina (dane-se o que João Paulo II disse a respeito, não é mesmo?) e denunciam que o verdadeiro invasor é o "capital internacional", cheguei à seguinte (triste) conclusão:

Nenhum jornal divulgou a nota sobre as CDD porque todos acharam que era trote.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Aguardem e confiem

Não sei se vai dar pra hoje, mas certamente comentarei a estátua de Galileu e os novos "pecados capitais".

sexta-feira, 7 de março de 2008

O que a decadência faz...

Vocês devem se lembrar de Paulo Henrique Amorim. Um dia ele foi da Globo. Hoje nem sei por onde anda, exceto pelo fato de ele ter um blog no iG. Numa coluna, Diogo Mainardi escreveu que a carreira de Paulo Henrique Amorim estava na descendente, o jornalista não gostou e entrou com processo, e perdeu. O juiz, para completar a humilhação, ainda justificou na decisão que, para quem já havia ocupado horário nobre na Globo, ter a posição que tem agora realmente representa estar com a carreira em declínio.

Pois bem, agora Paulo Henrique Amorim resolveu bater forte no ministro Carlos Alberto Direito por sua decisão de pedir vistas no julgamento da pesquisa com células-tronco. O jeito de escrever de PHA é curioso: ele gosta de seqüências de várias frases curtas. Não sei se isso é questão de estilo (bem ruinzinho, diga-se de passagem) ou é causado também pelo declínio na carreira jornalística - Deus queira que nunca aconteça comigo, e que eu envelheça sabendo escrever parágrafos inteiros de tamanho respeitável para expressar minhas idéias.

Anyway: uma das brincadeiras prediletas de PHA é chamar o ministro Direito de "fundamentalista". Aliás, ele também chama a causa contra a pesquisa com embriões de "fundamentalista". Convenhamos - o adjetivo tem carga pejorativa, mas, como diz o ditado, há malas que vão pra Belém. Uma coisa que não se pode negar é que no nosso lado (o lado contra a destruição de embriões) o que não falta é fundamento: fundamento científico, fundamento legal, fundamento ético. Então acho até que dá pra dizer mesmo que somos fundamentalistas, e dos bons, já que estamos cheios de fundamento.

Especialmente divertido foi ler o seguinte:
O Ministro Direito é católico militante e está à direita da Opus Dei e do Papa Bento XVI.
Não sei o que significa estar "à direita" do (é masculino) Opus Dei e do Papa. Aliás, falando em Bento XVI, vamos recordar o que ele disse, quando ainda era cardeal Ratzinger, na homilia da missa Pro Eligendo Pontifice, em abril de 2005:
Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decénios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento... A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao colectivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Cada dia surgem novas seitas e realiza-se quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar "aqui e além por qualquer vento de doutrina", aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades.
Agradeçamos a Deus por Bento XVI!

Falta informação ao filósofo

Outro anti-católico de carteirinha é o Helio Schwartsman, editorialista da Falh... oops, Folha de S.Paulo. Filósofo, ele adora descer o malho nos católicos em nome do avanço da ciência ou algum outro dogma iluminista. Na coluna de anteontem, ele resolveu baixar ainda mais o nível:

O prazer de perdoar

O texto repete a mesma lenga-lenga anti-católica que já conhecemos, e deixo as respostas adequadas para pessoas mais competentes. O que eu faço aqui é me limitar a mostrar que o editorialista-filósofo não faz muito bem o dever de casa na hora de pesquisar sobre certos assuntos.
Embora os "amici curiae" evitem dizê-lo nos autos, o ponto central, que torna coerente a posição do Vaticano, é um dogma "de fide": o homem é composto de corpo e alma. E, para a igreja, esta é instilada no novo ser no momento da concepção. Só que ninguém jamais demonstrou que existe alma e muito menos que ela se instala no embrião quando o espermatozóide fertiliza o óvulo. O dissenso não opõe apenas religiosos a vis ateus. Uma das mais importantes autoridades da igreja, santo Tomás de Aquino, afirmou, acompanhando Aristóteles, que a alma de garotos só chegava ao embrião no 40º dia. Já a de garotas, talvez porque fossem mais lentas para arrumar-se, só no 48º dia.
Infelizmente essa coisa de "a Igreja ensina que a alma se infunde no momento da concepção" é repetida até mesmo em meios católicos. Já tive um debate numa comunidade de Orkut sobre o assunto, quando alguém trouxe um texto de algum padre desses que faz sucesso em canais católicos (nada contra). Mas, já que o Schwartsman se deu o trabalho de ir pesquisar Tomás de Aquino, podia ter ido também aos arquivos online da Congregação para a Doutrina da Fé, onde está o documento mais recente que trata do assunto. É a Declaração sobre o Aborto Provocado, de 1974.

Vamos aos trechos relevantes. Os negritos são meus:
7. E no decorrer da história, os Padres da Igreja, bem como os seus Pastores e os seus Doutores, ensinaram a mesma doutrina, sem que as diferentes opiniões acerca do momento da infusão da alma espiritual tenham introduzido uma dúvida sobre a ilegitimidade do aborto. É certo que, na altura da Idade Média em que era opinião geral não estar a alma espiritual presente no corpo senão passadas as primeiras semanas, se fazia uma distinção quanto à espécie do pecado e à gravidade das sanções penais.

(...)

13. A esta evidência de sempre (absolutamente independente das discussões acerca do momento da animação)

(...)

nota de rodapé 19: Esta Declaração deixa expressamente de parte o problema do momento de infusão da alma espiritual. Sobre este ponto não há tradição unânime e os autores acham-se ainda divididos. Para alguns, ela dá-se a partir do primeiro momento da concepção; para outros, ela não poderia preceder ao menos a nidificação. Não compete à ciência dirimir a favor de uns ou de outros, porque a existência de uma alma imortal não entra no seu domínio. Trata-se de uma discussão filosófica, da qual a nossa posição moral permanece independente, por dois motivos: 1° no caso de se supor uma animação tardia, estamos já perante uma vida humana, em qualquer hipótese, (biológicamente verificável); vida humana que prepara e requer esta alma, com a qual se completa a natureza recebida dos pais; 2° por outro lado, basta que esta presença da alma seja provável (e o contrário nunca se conseguirá demonstrá-lo) para que o tirar-lhe a vida equivalha a aceitar o risco de matar um homem, não apenas em expectativa, mas já provido da sua alma.
Conclusão: a Igreja nunca se pronunciou definitivamente sobre o momento exato da infusão da alma. Então, por enquanto é lícito defender tanto a animação imediata quanto a animação tardia. O que não se pode é afirmar taxativamente que "a Igreja ensina que a alma se infunde em tal ou qual momento" porque, como vimos, até o momento o assunto ainda está em aberto.

Isso derruba totalmente o argumento do Schwartsman. Para ele, a Igreja defenderia o início da vida na concepção por causa do seu ensinamento sobre a infusão da alma. Mas, na verdade, se a Igreja não sabe ainda qual é o exato momento da infusão da alma (como acabamos de demonstrar), tem de haver outro motivo para a Igreja defender a vida desde a concepção. E esse motivo é dado pela ciência, por mais que o Schwartsman ache isso uma "bobagem".

Ele também afirma que "ninguém jamais demonstrou que existe alma". Diz isso como se fosse um grande golpe desmoralizador na Igreja, sem notar que a sua afirmação é um tanto óbvia, já que a alma é uma realidade espiritual. E o contrário também é verdadeiro, como diz a nota de rodapé do texto da CDF: ninguém jamais demonstrou que não existe alma. E vejam que, lá em 1974, a CDF já respondia ao argumento que se levanta 34 anos depois. Ainda que o embrião não tenha alma, ainda que não se possa provar cientificamente a existência ou não de alma no embrião, no feto, ou até mesmo em mim e em você, a evidência científica garante a presença de vida humana, que merece ser respeitada.

Vejam só: 34 anos antes, a Igreja dando respostas a questões levantadas hoje... tem como não acreditar que Deus assiste essa Igreja?

quinta-feira, 6 de março de 2008

Como não conseguir respostas e ainda posar como jornalista decente

Lembram do artigo de IstoÉ chamado "O bispo intrometido"? Comentei aqui. Agora me vem uma informação do Claudemir, meu colega de listas católicas na net, sobre o fato de dom José não ter respondido as perguntas da revista:
Dom José foi procurado sim para responder alguns questionamentos (por escrito, por solicitação do próprio arcebispo) enviados pela revista. Mas, é importantíssimo levar em consideração o seguinte detalhe: as perguntas foram enviadas a ele algumas horas (isso mesmo, eu disse *algumas horas*) antes do fechamento da edição da revista, de forma que, devido a outras atribuições de seu ministério, ele não pôde responder antes da hora prevista pela Istoé. Ele fez questão de frisar este ponto na última visita que o fiz, há duas semanas.
Se a IstoÉ fosse um jornal diário, eu entenderia, pois trabalho em um. Mas numa revista semanal isso é desonestidade. Dom José não é o Dorival Caymmi, que passa o tempo todo sem fazer nada. Ele tem suas obrigações e são muitas. Querer que ele pare tudo para responder a uma entrevista poucas horas antes do fechamento da revista é pedir para ele dizer "não" à revista. Custava ter mandado as perguntas com alguns dias de antecedência?

Uma questão de mobília

Matéria correta (quer dizer, sem erros de informação sobre a Igreja) na Veja Online:

Padres terão "curso de confessionário"

O curso é para ajudar os padres a se portarem melhor diante de revelações bombásticas ouvidas em confissão. Mas, do jeito que anda o mobiliário das igrejas, e diante da profusão das "salinhas de aconselhamento", acho que não faria falta também um curso sobre como usar o confessionário. Tipo, "padre, o senhor se senta aqui, com a estola roxa; o penitente se ajoelha (sim, é de joelhos) aqui, do outro lado da gradinha"...

Tirando a impaciência do padre, é desse jeito mesmo que se faz!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Passou em branco

Impressão minha ou absolutamente ninguém publicou a nota da CNBB sobre as Católicas pelo Direito de Decidir que saiu na segunda-feira?

terça-feira, 4 de março de 2008

Dando um tempo nos embriões

O Terra continua aprontando das suas. Essa saiu ontem:

Corpo de padre Pio é exumado para exibição pública

São Padre Pio, rogai por nós!

O texto é da Assimina Vlahou, da BBC Brasil (não sei se ela ainda é correspondente do Estadão em Roma). Começa assim:
O corpo de padre Pio, santo venerado no mundo católico por ter curado enfermos
Só precisamos lembrar à jornalista que quem faz os milagres é Deus. O santo é só um intercessor. É uma diferença crucial, para que certos protestantes não fiquem nos enchendo.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Depois da Folha Online, é a vez do André Petry

Vocês viram no post abaixo a picaretagem da Folha Online e aquele argumento muito comum usado pela mídia de desqualificar os argumentos contra a pesquisa com células-tronco, ou o aborto, ou a eutanásia, ou sei lá mais o que, simplesmente afirmando que esses argumentos vêm de católicos, e por isso não merecem ser considerados. Mesmo que não falem nada sobre religião. Mesmo que estejam muito bem fundamentados jurídica ou cientificamente.

Pois bem. André Petry, colunista escancaradamente anti-católico da Veja, prepara a mesma armadilha desonesta na coluna que assina na revista dessa semana. Chama-se É pesquisa (ou lixo).

Como lhe faltam argumentos realmente decentes, Petry apela. Depois de descrever a tentativa do então procurador-geral da República, Claudio Fonteles, de derrubar a pesquisa com embriões, Petry diz:
Pronto: a ciência virou sinônimo de assassinato, geneticistas viraram homicidas.
Isso é uma generalização besta, que não se espera de alguém com um mínimo de inteligência. Ou de decência. Imagino que Petry seja inteligente, então resta a outra alternativa. Não é "a ciência" que vira assassinato, não são "geneticistas" que viram homicidas, e sim um tipo particular de ciência e de cientista que não demonstra o menor respeito pela vida humana. O raciocínio infantil de Petry desconsidera que existe uma ciência e existem cientistas pautados pela ética.

Mas continua:
O procurador (...) apresentou-a [a questão sobre o início da vida] porque é um católico ardente.
Quer dizer: ainda que a Adin do procurador Fonteles se baseie exclusivamente em pontos jurídicos como a proteção constitucional da vida, e ainda que essa argumentação seja irrefutável juridicamente, isso não vale nada para Petry porque Fonteles é católico.

E a seguir:
Na ação ao STF, ele lista cientistas que defendem sua tese, mas omite que são católicos militantes. Um é da CNBB. Outro é da Academia Pro Vita, do Vaticano. Seis assinam obra da Pastoral Familiar. Os estrangeiros pertencem à reacionaríssima Opus Dei.
Ou seja, as conclusões científicas e as experiências desenvolvidas pelos cientistas listados por Fonteles não valem nada porque são católicos. Petry simplesmente presume a desonestidade intelectual dessas pessoas apenas por causa de sua religião. "Imagine, eles são católicos, devem ter distorcido todas as suas pesquisas para chegar às conclusões que queriam", é como Petry pensa. Mas a ciência não tem religião. A força da gravidade vale para católicos, judeus, ateus e hare-krishna. Não são apenas os embriões católicos que são humanos, os outros também são. Porque os critérios para definir a vida são científicos, e não religiosos. Nem o Fonteles, nem a Lilian Eça, nem a Alice Teixeira, nem a Lenise Garcia estão dizendo "a vida começa na concepção porque o Papa disse que é assim". Eles estão usando ciência e Direito, e não religião, para combater as pesquisas.

O que eu gostaria de ver é o Petry contestar todos os argumentos puramente de caráter científico e jurídico que se levantam contra a pesquisa com embriões. Mas já adianto: ele é incapaz disso. Justamente por ser incapaz é que ele parte para o ataque ad hominem: "não acreditem no que eles dizem porque são católicos". Qualquer pessoa inteligente e honesta veria que o raciocínio de Petry é firme como prego na gelatina. O problema é que o Brasil não é assim um país repleto de gente inteligente e honesta (basta ver os resultados das últimas eleições), então a picaretagem intelectual de Petry cola - e ele sabe disso.

E engraçado que ele só concede a presunção de desonestidade aos católicos. Logo depois ele menciona uma pesquisa do Ibope encomendada pelas diab... quer dizer, "Católicas" pelo Direito de "Decidir" segundo a qual as pessoas são a favor das pesquisas com embriões. Essa ONG diabólica é explicitamente anti-católica. Mas Petry em nenhum momento insinua parcialidade por parte delas. Só os católicos de verdade é que são desonestos, não é mesmo? Daí se percebe o (mau) caráter de André Petry.

Aliás, fico imaginando se Petry fosse juiz num país que admite a pena de morte. Afinal, a argumentação dele é mais ou menos a seguinte: ninguém sabe exatamente quando começa a vida. Então, podemos detonar embriões. Não deveria ser justamente o contrário? Se não temos certeza, então aqueles embriões podem muito bem ser gente, e então estaríamos eliminando seres humanos indefesos. Imagino Petry julgando um caso em que não há certeza absoluta da culpa de um suspeito. O fato de o acusado poder ser inocente não seria empecilho, então, para ele ser condenado, não é mesmo? Alguém topa fazer essa pergunta a ele?

Na Folha Online, a desonestidade suprema

Só vi agora, mas a notícia é de ontem:

De maioria católica, STF julga uso embriões nesta quarta-feira

O primeiro parágrafo é simplesmente absurdo:
Um plenário composto por ministros católicos decidirá a partir da próxima quarta-feira (5) o futuro no Brasil das pesquisas com células-tronco de embriões humanos, em uma sala que ostenta um grande crucifixo na parede. A tendência dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) é liberá-las, apesar das pressões da Igreja Católica contra ela.
A matéria pode não afirmar nada com todas as letras, mas insinua: os ministros do Supremo que votarem contra a pesquisa o terão feito não por motivos jurídicos, mas simplesmente porque são católicos. Isso é canalhice (pronto, falei) da Folha Online.

Querem apostar que, depois da votação, as reportagens virão assim? Na hora de mostrar os votos contrários à pesquisa, os repórteres se limitarão a lembrar que os ministros são católicos; na hora de mostrar os votos favoráveis, teremos longas citações dos ministros, com argumentações desenvolvidas.

A picaretagem continua:
O julgamento será permeado por questões religiosas e argumentos emocionais, tanto por parte da igreja quanto da comunidade científica, que estão em lados opostos nessa batalha.
Mentira deslavada. A comunidade científica está dividida sobre o tema. Do contrário, não haveria tantos cientistas contrários à pesquisa. Na linha de frente da argumentação contrária ao uso de embriões, por exemplo, estão três cientistas: a Alice Teixeira, a Lilian Eça e a minha amiga Lenise Garcia.

Mas, para os meus colegas da imprensa, isso pouco interessa: se os juristas e os cientistas contrários à pesquisa são católicos, quaisquer argumentos jurídicos e científicos que eles apresentem nunca serão passados adiante; ou, se forem, virão sempre com aquela ressalva: "o cientista/jurista Fulano, que é católico fervoroso...", quer dizer, se um cientista fala algo contra a pesquisa, não é porque ele estudou anos e anos o assunto, de um ponto de vista meramente científico, e sim porque ele é católico. Isso é, como eu disse, canalhice pura.

A Folha Online, no entanto, não se contenta com pouco.
O debate será contaminado por argumentos emocionais disfarçados de teses jurídicas.
Como eles sabem? Quer dizer que nenhum dos lados está usando a lei num debate realizado na mais alta corte do país?
a comunidade científica afirma que milhões de pessoas portadoras de doenças diversas dependem da pesquisa com células-tronco para a cura e que as células de embriões são mais promissoras que as adultas (às quais os religiosos não objetam), já que, diferentemente destas, têm a capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de tecido no organismo.
Outra mentira. Muitos cientistas (nem é a Igreja, na verdade) têm demonstrado que as pesquisas com células-tronco adultas dão muito mais resultados que as pesquisas com células embrionárias. Pergunte a qualquer cientista honesto (isso faz diferença) e você vai ouvir que, em tese, as células embrionárias até poderiam, sim, ser tudo isso que dizem delas; mas que, na prática, as células-tronco adultas dão de goleada, enquanto as células embrionárias não conseguiram passar do status de eterna promessa. Em breve o site Sociedade Católica promete colocar no ar uma lista com 73 doenças que já podem ser tratadas com células-tronco adultas. Quantas doenças hoje podem ser tratadas com células embrionárias? A resposta está no formato de um dos quitutes preferidos de Homer Simpson.

domingo, 2 de março de 2008

Outra que estava demorando

Assim como essa coisa do Galileu ter sido condenado por "dizer que a Terra girava em torno do sol" (comentei aqui), uma outra falha constante da imprensa na cobertura da Igreja reapareceu ontem. O Thiago me manda um texto de O Globo Online. Infelizmente não achei o link, mas parece que foi publicado no domingo mesmo.

Dom Eugenio Sales abrigou no Rio mais de quatro mil pessoas perseguidas por regimes militares

O texto já começa assim:
Expoente da ala conservadora da Igreja Católica no Brasil, o cardeal-arcebispo D. Eugenio Salles ofereceu proteção a quatro mil pessoas que fugiam das ditaduras do Cone Sul entre 1976 e 1982.
Deus do céu, quando é que vão parar com essas coisas de "conservador" e "progressista"? Como diria o padre Quevedo, "isso non ekziste".

Por "progressista" a mídia costuma entender os padres, bispos e até cardeais que defendem coisas do tipo a abolição do sexto mandamento, a ordenação de mulheres, a mistura de catolicismo com marxismo, essa palhaçada toda. Por exemplo, dom Cappio, o bispo suicida e desobediente ao Papa, seria classificado como "progressista". Dom Tomás Balduíno, que apóia invasões de terra contrariando o que João Paulo II disse várias vezes, seria um "progressista". Dom Pedro Casaldáliga, que chama o Papa Bento XVI de Pilatos em um artigo após a condenação de Jon Sobrino, é um "progressista". As diab... quer dizer, "Católicas" pelo Direito de "Decidir" seriam "progressistas".

Já os "conservadores" são aqueles que, naquela leitura distorcida que os jornais costumam fazer, são chegadíssimos à repressão sexual, à predominância dos homens do sexo masculino na Igreja e à excessiva concentração de poder em Roma. Ou, em outras palavras (sem o preconceito anticatólico), os que defendem a doutrina católica em sua integridade. Dom Eugênio Sales, dom José Cardoso Sobrinho, o Opus Dei, os Legionários e o Regnum Christi, e por aí vai.


Dom Eugênio Sales (foto tirada do blog O Ultrapapista Atanasiano) - reparem nas bandeirinhas: Brasil e Vaticano. Imagino que no escritório de certos bispos a bandeirinha amarela e branca não tenha lugar, porque as preferidas são bandeirinhas vermelhas.

Uma vez entrevistei o teólogo Antonio Marchionni, que me disse um negócio bem simples. Na Igreja não existe divisão entre conservador ou progressista, direita ou esquerda; a divisão é entre quem é fiel à doutrina e quem não é. Quando a mídia rotula gente como dom Cappio, dom Tomás ou dom Pedro de "progressistas", dá a impressão de que é lícito contrariar o Papa, defender a Teologia da Libertação ou as invasões dos baderneiros sem-terra, ou achar que não tem problema abortar. Só que nada disso encontra lugar dentro da Igreja: tudo isso já foi condenado.

Além disso, "progresso" supõe um movimento para melhor, e não um movimento qualquer. Na cabeça dos meus colegas jornalistas, os "progressistas" são aqueles que querem "que a Igreja mude", e ponto. Bom, lá onde trabalham esses bispos, a coisa mudou para melhor? Nas dioceses infestadas pela Teologia da Libertação, onde bispos e padres deixaram de falar de Deus para falar de fazer a revolução proletária, é onde melhor se aplica a triste frase segundo a qual a Igreja fez a opção preferencial pelos pobres, e os pobres fizeram a opção preferencial pelos evangélicos...

sábado, 1 de março de 2008

E as coisas devem continuar como estão

Obrigado ao Johny por me chamar a atenção. Eu já tinha visto essa notícia na Zenit, mas achei que os jornais e sites não iam se interessar por algo tão específico.
Saiu no O Globo Online ontem:

Vaticano proíbe nova fórmula para o batismo

OK, a matéria está até que correta, mas podia ter sido ainda melhor. Não é que o Vaticano tenha determinado que os batismos devem ser realizados com a fórmula tradicional. Isso já está determinado desde que Jesus deu instruções aos apóstolos. A Congregação para a Doutrina da Fé simplesmente declarou que as fórmulas porra-loucas das feministas são inválidas.

Uma coisa que a Reuters acrescentou, mas não havia na Zenit, é que tem católicos que usam essas fórmulas. Olha, infelizmente é até verossímil. Se tem católico defensor da Teologia da Libertação, católico a favor de aborto, não é impossível que tenha católico (sim, falo de padres católicos) usando essas fórmulas para batizar.

Mas pelo menos dessa vez não chamaram a Congregação para a Doutrina da Fé de "o antigo Santo Ofício", não é mesmo?


(O Batismo dos Neófitos, de Masaccio. Pelo menos esses foram batizados direitinho)

Jornal Nacional: manipulação pura

Pronto, vi a reportagem (o link estava aí embaixo). É um nojo, para ficar em vocabulário aceitável.

Primeiro, tenta ganhar o coração da audiência mostrando casos de pessoas com doenças tratáveis com células-tronco, como se depois de amanhã já tivéssemos células-tronco na farmácia, prontas para usar.

À parte o tratamento diferenciado dado aos cientistas que defendem o uso de embriões, o que chama a atenção dentro do escopo desse blog é a frase "Para os religiosos, a vida começa na fecundação, e alguns cientistas também pensam dessa forma". O raciocínio correto é justamente o contrário! É justamente porque a ciência comprova o início da vida na fecundação que as religiões insistem na sua defesa desde a concepção. Que picaretagem, quanta farsa na reportagem! É antiga essa história de atribuir a oposição à pesquisa a "religiosos". Como se não houvesse motivos éticos, científicos e legais para barrar a pesquisa com embriões. Essa sempre é a tática da imprensa, seja nesse caso, no do aborto e em tantos outros. Isso é desonestidade e manipulação.

Engraçado que nessas horas as Diab... quer dizer, "Católicas" pelo direito de "decidir" não sejam um "grupo religioso" - afinal, elas são a favor da pesquisa com embriões. Quando é pra falar de aborto, só falta os jornais dizerem que são um grupo legítimo dentro da Igreja com aprovação pontifícia...